O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deflagrou uma operação que resultou em mais de R$ 54 milhões em multas aplicadas contra empresários de diversos estados amazônicos.
Ao longo do último mês, a fiscalização do órgão emitiu 22 autos de infração. Entre os alvos, estão proprietários de empresas do Amazonas, Rondônia, Pará e Ceará. A operação também bloqueou bens de 14 empresas suspeitas de “lavar” madeira ilegal.
Os agentes suspenderam ainda 20 Planos de Manejo Florestal Sustentável. Segundo o Ibama, essas autorizações para a exploração da mata estavam ligadas a práticas irregulares. Ao todo, o órgão embargou mais de 26 mil hectares de exploração vegetal.
Segundo as investigações, os criminosos burlavam os mecanismos de controle do próprio Ibama para legalizar madeira extraída ilegalmente de unidades de conservação, terras indígenas, áreas públicas e também de propriedades privadas.
Os produtos florestais eram comercializados no Brasil e no exterior.
As fraudes identificadas na operação utilizavam o Sistema de Documento de Origem Florestal (DOF) e o Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor). Os dois sistemas são ferramentas eletrônicas federais.
O DOF reúne todos os documentos que envolvem o transporte florestal federal e estadual. Ele é usado para monitorar desde a retirada até a comercialização de produtos da floresta.
Já o Sinaflor emite autorizações para a exploração do solo. O sistema também faz o controle da origem da madeira, do carvão e de outros produtos ou subprodutos florestais.
Os criminosos realizavam transferências de créditos florestais, falsificavam documentos, burlavam o mercado de crédito de carbono e atuavam em grilagem de terras da União.
Segundo as investigações, as práticas envolviam:
- planos de manejo florestal fictícios;
- registros nos sistemas oficiais de madeira irregular;
- autorizações que não condiziam com a exploração;
- utilização irregular de guias de transporte; e
- contabilidade fraudulenta da comercialização dos produtos.
A movimentação gerou a desconfiança do Ibama, que faz monitoramento constante das transações nos sistemas oficiais de controle.
O trabalho é feito pelo Grupo Especializado de Fiscalização de Fraudes no Sistema de Controle Florestal (Gedof). A equipe reúne servidores com experiência em análise de dados florestais e agentes ambientais federais das superintendências nos estados.
As infrações que configuram crime foram comunicadas ao Ministério Público, órgão responsável por promover as investigações criminais.
A Operação Metaverso teve início em janeiro de 2023 e é permanente. Em abril do ano passado, o Ibama bloqueou 1,2 milhão de m³ em créditos virtuais, o volume representa cerca de 60 mil caminhões carregados de madeira e carvão. Cerca de 300 empresas estão sob investigação no país.
Fonte G1 Brasília