O ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência nas eleições deste ano, afirmou nesta quarta-feira (17) que a posse do ministro Alexandre de Moraes como novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) representou um ato “muito forte” em defesa da democracia.
Lula deu a declaração ao conceder entrevista à Rádio Super, de Minas Gerais. Na avaliação do candidato do PT, que participou da cerimônia, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, estava constrangido.
Bolsonaro costuma atacar Moraes com frequência e, sem jamais ter apresentado provas, o presidente da República também ataca as urnas eletrônicas e o processo eleitoral repetindo acusações já desmentidas por órgãos oficiais.
Durante a posse de Moraes, houve vários discursos de autoridades a favor das urnas, do processo eleitoral brasileiro e da democracia.
“O Bolsonaro estava incomodado porque ouviu tantas vezes a palavra ‘democracia’, ouviu tantas críticas ao autoritarismo e às fake news. Estava muito incomodado. Cada discurso que falava de democracia, era visível a cara dele de constrangimento”, disse Lula na entrevista.
“Ele passou o tempo inteiro desaforando a Justiça Eleitoral, desacreditando a urna, tentando desmoralizar as instituições, e ontem foi um ato de fortalecimento do estado de direito democrático no Brasil. Foi um ato em que a gente valorizou muito a questão da democracia. Foi um ato importante, muito importante. [….] Foi um ato muito forte em defesa da democracia e, por isso, o presidente estava incomodado, porque ele não gosta de democracia”, acrescentou Lula.
Em seguida, Lula informou que, na posse de Moraes, conversou com os ex-presidentes José Sarney e Michel Temer, ambos do MDB.
Para o candidato do PT, a posse de Moraes representou também um “ato de civilidade” entre pessoas que gostam da democracia e que querem que o Brasil tenha paz e tranquilidade.
“Ele [Bolsonaro] estava muito inquieto, muito incomodado. […] Ali cheirava a democracia, a liberdade, a respeito às urnas e à luta contra as fake news. Ele estava incomodado, um ato contra quase tudo que é o comportamento do presidente da República”, disse o candidato do PT.
window.PLAYER_AB_ENV = “prod”
Aliança com políticos condenados
Durante a entrevista desta terça-feira, Lula foi questionado se, caso eleito, se sentirá “confortável” em manter diálogo com políticos condenados pela Justiça, como Valdemar Costa Neto e Roberto Jefferson, para discutir alianças políticas.
Valdemar Costa Neto é o atual presidente do PL, partido ao qual o presidente Jair Bolsonaro é filiado, e Roberto Jefferson, candidato à Presidência da República pelo PTB, se diz “fã” de Bolsonaro.
Os dois foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão. Roberto Jefferson cumpre prisão domiciliar atualmente, decretada no inquérito que apura a atuação de uma milícia digital que atua na internet contra a democracia e as instituições.
Lula, então, respondeu: “Se você ficar nominando as pessoas que a gente vai ou não conversar, veja, eu posso conversar com o PTB sem precisar conversar com o Roberto Jefferson. Eu posso conversar com o PL sem precisar conversar com o presidente do PL. Ou seja, o importante é que você estabeleça uma política de conversação com as pessoas que têm mandato, com as lideranças no Congresso Nacional, para você poder estabelecer uma política de boa convivência no Brasil.”
“Essas pessoas cometeram erros, essas pessoas cometeram crimes, essas pessoas foram julgadas, essas pessoas foram condenadas, mas essas pessoas estão livres e estão fazendo política. Essas pessoas são presidentes de partidos, são dirigentes partidários. Essas pessoas têm mandatos. Você não pode criminalizar porque a pessoa cometeu apenas um crime. Ele já foi julgado, já foi processado e já foi absolvido ou cumpriu sua pena. E a vida que segue. E você tem que conversar com as pessoas, não tem jeito”, acrescentou o candidato do PT.
Fonte G1 Brasília