O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira (5) que, em um eventual governo, aumentará repasses e fortalecerá o Sistema Único de Assistência Social (Suas).
?Nós vamos ter que reconstruir o Brasil que eles destruíram. O Suas vai voltar a funcionar muito mais forte, muito mais preparado e com muito mais recursos para que vocês possam, cada vez mais, atender as pessoas com mais decência?, disse o petista.
?A gente voltando, nós vamos tomar posse dia 1º e a gente vai ter que começar a cuidar dessas coisas no primeiro dia. No primeiro dia, a gente vai ter que dizer claramente o que que a gente vai fazer com esse povo mais pobre, mais vulnerável?, afirmou.
As declarações foram feitas pelo ex-presidente durante encontro, no centro de São Paulo, com assistentes sociais e representantes da Frente Nacional de Defesa do Suas. No evento, Lula recebeu uma carta com propostas para o setor.
Previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, de 1993, e consolidado em 2005, o Suas articula a atuação dos governos municipal, estadual e federal no âmbito da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). É por meio do organismo que são promovidas ações de proteção social.
O sistema e o combate à fome foram mencionados pela campanha petista nas diretrizes do plano de governo entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto.
No documento, a chapa Lula-Alckmin defendeu que é ?imperativo a reconstrução e o fortalecimento do SUAS e a garantia de acesso a ações de inclusão produtiva no campo e nas cidades, em todos os territórios brasileiros, aliando escala e respeito às diversidades regionais?.
O texto também destacou que é necessário centralizar esforços para enfrentar a fome e garantir o acesso de brasileiros à assistência social. Em vídeos exibidos durante o evento, a campanha de Lula reforçou o desejo de ?investir no atendimento e ampliação de pessoal? do Suas.
O candidato do PT também afirmou que, se eleito, não delegará o comando da assistência social para a mulher, Janja ? o tema é frequentemente associado às primeiras-damas, não só no Brasil.
“Não tem essa de primeira-dama ficar cuidando da assistência social. Quem vai cuidar da assistência social é alguém especialista. Tem um milhão de coisas para ela fazer, tem 500 mil coisas para você também fazer. Ou seja, nós temos é que valorizar os profissionais da área?, afirmou.
Entre os participantes do evento estavam Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB), os ex-ministros do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias e Márcia Lopes, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o padre Júlio Lancellotti.
No fim de agosto, o podcast “O Assunto” no g1 mostrou o impacto do desmonte nas estruturas que organizam o combate à fome no país. Ouça no player abaixo:
Reforma tributária e esforço mundial contra a fome
No encontro desta segunda, Lula voltou a defender uma reforma tributária para enfrentar a desigualdade social. Para isso, o ex-presidente repetiu a tônica de que a militância precisa eleger congressistas alinhados à chapa Lula-Alckmin.
?Não é falta de dinheiro e vamos provar que não é falta de dinheiro. […] Vamos ter que eleger bastante deputados, senadores, porque nós precisamos fazer uma nova política tributária nesse país. A gente tem que desonerar o salário para poder onerar as pessoas mais ricas desse país. Lucros e dividendos têm que pagar Imposto de Renda. Não é possível que a gente não consiga fazer uma política tributária que garanta o Estado arrecadar o suficiente para cuidar do seu povo?, disse.
?Se vocês votarem nas pessoas que acreditam que faz orçamento secreto, nesse orçamento secreto não vai sobrar dinheiro para a gente cuidar do Suas, para a gente reorganizar o Suas, para dar força para que as políticas sociais possam acontecer nesse país?, acrescentou.
O ex-presidente ainda questionou empréstimos feitos por governos estrangeiros a bancos e a países em busca de financiamento de guerras.
?Todo mundo diz que não tem dinheiro, que é difícil, mas, quando teve a crise econômica de 2008, que quebrou um banco americano, trilhões e trilhões de dólares foram colocados no mercado para salvar os bancos. Trilhões e trilhões de dólares foram colocados no mercado para a guerra do Iraque. Agora, outros bilhões e bilhões estão sendo colocados para fornecer arma para a Ucrânia. Por que que não há esta generosidade em dar essa quantidade de dinheiro para as crianças tomarem café, almoçar e jantar todo santo dia??, indagou.
Ataques a Bolsonaro
O candidato do PT também voltou a dirigir ataques ao presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Lula afirmou que Bolsonaro é resultado da ?negação da política?, e que a campanha petista não está lidando com ?gente séria?.
?Precisamos saber que nós não estamos lidando com gente séria. Estamos lidando com um cidadão que não derramou uma única lágrima por 682 mil brasileiros e brasileiras que morreram, você está lidando com alguém que brincou com a covid, que brincou com a morte, zombou da morte?, declarou.
?Esse cidadão é resultado da negação da política. Toda vez que tentam mostrar que a política não presta, só tem ladrão, só tem isso, só tem aquilo… um cara que tinha 28 anos de mandato, passou como se não fosse político e outros todos eram políticos?, acrescentou.
O ex-presidente ainda criticou a compra de dezenas de imóveis em dinheiro vivo por Bolsonaro e familiares. Segundo o UOL, Bolsonaro e seus familiares compraram 51 imóveis desde a década de 1990 usando dinheiro em espécie. Embora a prática não seja ilegal, ela levanta suspeita de lavagem de dinheiro ? que é o crime de ocultar a origem ilegal de recursos financeiros.
O blog da Andréia Sadi no g1 já havia adiantado que a campanha do PT mudaria de postura e passaria a usar a apuração para atacar o candidato do PL.
?Eu não sei o que é, o que sei é que tem algo podre no ar. E é importante que essas coisas sejam investigadas. […] Não é com salário de deputado que alguém compra isso. É algo que não vem do salário?, afirmou Lula.
“Em vez de ficar dizendo que são honestos, eles têm que se explicar para a sociedade?, completou.
Bolívia no Mercosul
Mais cedo, o petista se encontrou com o presidente da Bolívia, Luis Arce, em um hotel na capital paulista. O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, um dos participantes do encontro, afirmou à imprensa que o ex-presidente se comprometeu a defender, se eleito, a entrada da Bolívia no Mercosul.
?O presidente Lula se comprometeu, caso eleito, acelerar a integração da Bolívia no Mercosul, que é muito importante para as relações internacionais, relação com a Europa, relação com a China?, declarou Amorim.
A Bolívia pediu formalmente a adesão ao bloco em 2006. De lá para cá, somente o Brasil não deu aval à entrada do país. Apesar da sinalização de Lula, a chancela cabe ao Congresso Nacional.
?Evidentemente que o Congresso é soberano, mas não tenho a menor dúvida de que Lula fará esse esforço. É muito importante para a Bolívia e importante para nós, porque a Bolívia no Mercosul também nos facilita o contato com todo o conjunto da Comunidade Andina, que ela também é membro?, afirmou o ex-ministro.
Fonte G1 Brasília