Antes mesmo da aprovação do Orçamento de 2025, que deveria ter sido votado no fim do ano passado, dois partidos já disputam espaço para a relatoria da peça orçamentária de 2026: MDB e União Brasil.
Nas duas bancadas, há quem defenda não abrir mão do cargo ? que é um dos mais cobiçados dentro do Congresso por envolver todas as despesas do governo federal no próximo ano.
O novo líder do União Brasil, Pedro Lucas (MA), deve se reunir hoje com o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tratar do assunto.
Como a relatoria do Orçamento 2025 ficou com um senador, agora a vaga cabe a um deputado. Por isso, a articulação passou pelo apoio à candidatura de Motta.
A relatoria de 2026 é definida no primeiro semestre deste ano, quando a Comissão Mista de Orçamento (CMO) for instalada ? o que deve acontecer em abril, segundo estimativa de lideranças.
Orçamento, Mesa Diretora e reforma ministerial
Nos bastidores, a expectativa inicial era de que o União Brasil ficasse com a relatoria do Orçamento 2026.
No entanto, o partido demorou a fechar apoio a Hugo Motta porque o então líder na Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), também queria se candidatar à presidência da Casa. Com isso, o MDB firmou um acordo para ficar com a relatoria.
Passada a eleição do último sábado (1º), alguns deputados do União Brasil admitem que é preciso “parar de brigar” com o MDB pela vaga. Isso porque, embora tenha desistido de disputar a presidência, Elmar conseguiu um posto importante na Mesa Diretora: a segunda vice-presidência.
Parte do União Brasil, apesar disso, insiste em cobrar a relatoria do Orçamento e defende o nome de Damião Feliciano (União-PB). Ele abriu mão de disputar a liderança da bancada neste ano e cedeu espaço ao deputado Pedro Lucas, candidato do presidente da sigla, Antonio Rueda.
Enquanto Elmar e seus aliados tentam emplacar o nome de Damião na relatoria como uma “saída honrosa” por abrir mão da liderança, há quem diga que, ainda que o União Brasil conseguisse o posto, Rueda defenderia um nome mais próximo a ele para relatar o Orçamento.
Nas palavras de um aliado, Rueda quer ?fazer uma bancada na Câmara com a sua cara?.
No MDB, deputados insistem que o acordo firmado com Motta é para o partido ficar com a relatoria. E negam que uma reforma ministerial possa atrapalhar os planos.
Nos últimos dias, o nome do líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões (AL), ganhou força para assumir o Ministério das Relações Institucionais ou a liderança do governo.
Com isso, alguns parlamentares dizem que o partido não poderia assumir também um cargo tão importante quanto o comando do Orçamento.
?Não tem relação uma coisa com a outra. O MDB, por um acordo na Câmara, indica o relator do Orçamento?, disse um importante deputado do partido.
CCJ é opção… mas PL cobra espaço
Confirmado o MDB na relatoria, o União Brasil deve ficar com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma das mais importantes da Casa.
Um acordo firmado em 2023 para a reeleição de Arthur Lira na presidência estabeleceu um revezamento entre MDB e União Brasil na CCJ em 2025 e 2026.
Mas o novo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), não descartou que o partido peça a CCJ mais uma vez.
Segundo ele, a bancada ?vai exigir que o regimento seja cumprido?, ou seja, que o maior partido da Casa ? no caso o PL, com 99 deputados ? possa fazer as primeiras escolhas para as presidências das comissões.
Uma reunião está marcada nesta terça-feira (4) entre Sóstenes e deputados do PL para definir quais serão as prioridades da sigla.
Fonte G1 Brasília