Cercados pelo volume robusto de provas colhidas e apresentadas pela Polícia Federal no relatório final do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023, militares indiciados por envolvimento em delitos ainda sinalizam crença na tese cada vez mais distante, até para políticos bolsonaristas, de uma anistia.
A avaliação é de investigadores que acompanham passo a passo a evolução dos casos. A aparente “boa vontade” em prestar informações prometida por alguns dos citados no inquérito não tem se revertido em colaboração efetiva.
Nesta quinta (12), por exemplo, um ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Marcelo Câmara, que é militar, vai prestar depoimento. Apesar do discurso, Câmara não tem contribuído efetivamente com o avanço das apurações –e ainda que decidisse fazê-lo agora, o movimento seria tardio.
Para ficar neste exemplo, investigadores lembram que Câmara aparece tratando não só de um eventual golpe para impedir a posse de Lula, mas também ativamente na trama para a venda de joias, falsificação de vacinas e outras apurações.
Câmara é flagrado em diversos momentos não só em áudios, gravações da própria voz, tratando desses delitos, mas também em textos e filmagens.
A trama golpista escalou desde a revelação do relatório final, que evidenciou que o golpe previa inclusive os assassinatos de Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
A gravidade das revelações e a robustez das provas fez com que até políticos bolsonaristas admitissem que a possibilidade de uma anistia está cada vez mais remota.
O Supremo é ainda mais realista: a possibilidade de anistia, para ministros, é zero.
Fonte G1 Brasília