A declaração recente do senador Jaques Wagner (PT-BA), de que a ida do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski para o Ministério da Justiça está descartada, surpreendeu dirigentes petistas e ministros do governo. A avaliação no entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, é diferente: Lewandowski continua no páreo e ainda é o nome favorito do presidente para suceder Flávio Dino.
Na última quarta-feira (13), Jaques afirmou a jornalistas: “eu posso dizer quem eu conheço que não será [ministro da Justiça]: nem o Lewandowski, nem o Jaques Wagner, nem a Gleisi [Hoffmann]”.
A fala provoca surpresa porque, até então, o ex-ministro do STF era tido por interlocutores do PT e do presidente como favorito para a sucessão no Ministério da Justiça.
Jaques Wagner é amigo de Lula, tem acesso direto ao presidente e, por isso, costuma ter informações privilegiadas. Em Brasília, é comum ouvir que ?Jaques não dá ponto sem nó?.
Um ministro próximo de Lula disse, de forma reservada, que Lewandowski é o melhor nome para assumir essa função. Outro integrante do primeiro escalão do Palácio do Planalto afirmou que Lula já chegou a conversar com Lewandowski sobre a sucessão na Justiça, mas ainda não houve convite para ele assumir a pasta.
Segundo esse ministro, Lewandowski tem resistências em assumir o ministério por razões de segurança, mas Lula não abandonou a ideia de tê-lo no governo.
?Ele [Lewandowski] tem muita dúvida sobre a segurança. Assumir o Ministério da Justiça hoje não é a mesma coisa que na época do [ex-ministro] Márcio Thomaz Bastos?.
Na avaliação do entorno de Lula, a decisão sobre o novo ministro deve vir só no início de janeiro. Dino deve permanecer no posto pelo menos até o dia 8, quando o governo irá realizar uma solenidade para lembrar um ano da tentativa de golpe de estado. Depois disso, o ministro será exonerado e ficará pouco mais de um mês como senador, antes de tomar posse no STF em 22 de fevereiro.
SAJ passa a ser cotado
Um nome que tem ganhado força nos últimos dias é o secretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Wellington César Lima, o ?SAJ?. Wellington despacha diariamente com o presidente e, portanto, é um nome que goza da confiança de Lula. Além disso, ele tem apoio do próprio Jaques Wagner e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Alguns petistas avaliam que a declaração de Jaques, descartando Lewandowski, tem como objetivo empoderar o nome do aliado para a sucessão no Ministério da Justiça. Essa leitura acendeu uma disputa interna entre o PT de São Paulo e o da Bahia.
Após a declaração de Jaques, petistas de São Paulo intensificaram a mobilização pela indicação do advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, para o posto. Carvalho é filiado ao PT e se aproximou de Lula quando o presidente era alvo da Operação Lava Jato.
Além da disputa dentro do PT, o PSB de Flávio Dino também se mobiliza para emplacar o sucessor no MJ. A bancada do partido na Câmara se posicionou a favor da escolha de Ricardo Capelli, atual secretário-executivo da pasta, para o ministério.
Fonte G1 Brasília