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Nova embaixadora do Brasil nos EUA: ‘Se houve algum ruído em relação à Ucrânia, já se dissipou’

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Maria Luiza Viotti, a primeira mulher a ocupar a embaixada do Brasil em Washington DC, apresentou as credenciais ao presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, no fim de junho.

Antes de ocupar esse cargo, ela já foi representante do Brasil na ONU, embaixadora em Berlim, na Alemanha, e chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres.

Ela afirma que é normal que haja divergências entre Brasil e EUA em alguns temas, e que se havia algum ruído entre os dois países por causa da forma de responder à guerra na Ucrânia, isso já se dissipou.

A senhora se encontrou com o presidente Joe Biden há uma semana. Ele fez algum pedido específico para o Brasil?

Foi um encontro muito bom. Ele manifestou apoio ao Brasil, expressou o apreço que tem pelo Brasil, pelo presidente Lula. Ele relembrou de forma muito simpática o encontro que teve com o presidente Lula em fevereiro, que foi um momento muito positivo e definiu as prioridades para a relação. Durante a apresentação de credenciais, ele renovou a disposição de trabalhar em cooperação conosco no enfrentamento da mudança do clima e nos nossos esforços para combater o desmatamento e promover a bioeconomia.

O presidente Biden ofereceu US$ 500 milhões para o Brasil, mas isso ainda está no Congresso dos EUA, que precisa aprovar essa verba, e o Congresso está dividido. A senhora acredita que vai passar no Congresso? E o que mais o governo americano poderia fazer?

Há um empenho muito grande do governo americano. Eles têm dito isso junto ao Congresso, têm mostrado confiança na capacidade dele de defender essa proposta no Congresso. Estou otimista. Nossa cooperação é bastante abrangente, vai muito além do combate ao desmatamento e dessa contribuição ao Fundo Amazônia, porque envolve também uma gama de atividades ligadas à sustentabilidade, tem promoção de atividade, comércio, investimento, atividades que vão gerar produtos e serviços sustentáveis, transição energética e agricultura sustentável. Existe um grupo de trabalho sobre mudança do clima Brasil-Estados Unidos. O (assessor especial da Casa Branca para o Clima) John Kerry foi ao Brasil logo depois da visita do presidente Lula e conversou com a ministra Marina Silva a esse respeito e já estão trabalhando num plano para aprofundar essa cooperação.

Quando o presidente Lula esteve em Washington DC, um dos pontos que ele levantou foi a criação de um grupo de países neutros para promover a paz na Ucrânia. As autoridades americanas sinalizavam que estavam abertas para ouvir a proposta, mas agora dizem que estão confusas porque o presidente manda sinais contraditórios. Também disseram que ficaram muito surpresos ao ver que o presidente Lula não se levantou para falar com Volodymyr Zelensky, da Ucrânia. Como a senhora vai lidar com isso aqui?

Viotti: Sobre a Ucrânia, como disse o ministro Mauro Vieira numa apresentação ao Congresso brasileiro recentemente, nós temos procurado manter uma posição de equilíbrio. O Brasil condenou a invasão da Ucrânia, como não podia deixar de ser, já que foi uma violação do direito internacional e da Carta da ONU. Mas ao mesmo tempo fizemos um apelo pela paz, pelo diálogo, porque a negociação pacífica dos conflitos faz parte da tradição e da prática diplomática brasileira. Mas temos notado que não há, neste momento, interesse entre as partes por uma negociação. Aparentemente, não é o momento para um esforço de paz, mas quando chegar o momento, nós estaremos dispostos a contribuir. Essas são algumas possíveis divergências de nuance entre posições dos dois países, mas não chegam a atrapalhar o relacionamento bilateral. Nós concordamos que a maneira de enfrentar essas questões é mais diálogo, mais conversas, e essas conversas têm acontecido, tem havido muitos encontros entre as autoridades dos dois países em que esse tema tem figurado, e é um momento de também deixarmos mais claras as nossas preocupações.

Pelas conversas de bastidores com representantes do governo americano, esse episódio não ficou para trás. Afirmam que a imprevisibilidade do presidente brasileiro levou os americanos a reconsiderar uma possível parada de Joe Biden no Brasil. Seria um erro de Biden não ir ao Brasil? A senhora pretende convencer o Biden a parar no Brasil?

Viotti: Acho que esse episódio sobre Ucrânia ou outras divergências, se houve algum ruído, já se dissipou. Nossos interlocutores no Departamento de Estado têm dito que eles consideram que é muito importante que o Brasil tenha uma posição ativa no cenário internacional. Eu confio muito em que o presidente Biden, se puder, aceitará o convite para ir ao Brasil. Espero que isso possa acontecer assim que possível.

A senhora passou mais de uma década na ONU. O presidente Lula tem um desejo antigo de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O presidente Joe Biden já defendeu uma reforma. O que a senhora tem ouvido por aqui? A senhora acha que é possível que isso seja alcançado nesse terceiro mandato de Lula?

Viotti: Essas negociações continuam a ocorrer na ONU. São negociações entre os países membros, e o Brasil participa de um grupo chamado de G-Quatro, com Alemanha, Japão e Índia, para coordenar posições e definir estratégias. Tenho notado que há um interesse renovado dos EUA de participar dessas negociações. Houve uma menção muito importante no comunicado conjunto da visita presidencial em fevereiro sobre reforma do Conselho de Segurança. Nossos interlocutores aqui têm dito que os EUA vão adotar uma posição mais atuante, e isso é bastante promissor.

Como seria essa posição mais atuante?

Viotti: Nós vamos ver.

Como é que a senhora se sente sendo a primeira mulher aqui nesse cargo de embaixadora de Washington? Por que demorou tanto tempo para ter uma mulher aqui?

Viotti: É parte das dificuldades que encontramos. Nós, mulheres, de participar mais ativamente em posições de liderança, mas essa situação tem é avançado.

Fonte G1 Brasília

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