A operação que investiga se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) espionou governadores e integrantes do Supremo ocorre duas semanas depois que a União dos Profissionais da Abin, entidade que representa servidores da inteligência, divulgou uma nota de repúdio às declarações Andrei Passos, diretor-geral da PF.
A PF cumpriu nesta quinta (25) mandados de busca em endereços suspeitos em Brasília, Juiz de Fora, São João Del Rei e Rio de Janeiro. O ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), está entre os alvos da operação.
Em entrevista ao estúdio I, Andrei Passos afirmou que, durante a gestão de Bolsonaro, a Abin “monitorava pessoas de posição contrária ao governo anterior?.
Em março, o jornal O Globo revelou que o governo Bolsonaro usou a ferramenta de GPS ‘First Mile’ para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.
De acordo com as investigações, entre os alvos estão os ministro Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e o ex-governador Camilo Santana, do Ceará, hoje ministro da Educação de Lula, entre outros.
Na nota de repúdio, a União dos Profissionais da Abin acusou Andrei de dizer inverdades.
?O referido software [First Mile] não possuía qualquer capacidade de invadir celulares, tampouco de obter localizações precisas. Como já noticiado, outros órgãos públicos o utilizam, e podem facilmente atestar sua forma de operação?.
- ANDREIA SADI: Para Valdemar, ação contra Ramagem é perseguição ao PL por causa de Bolsonaro
- CAMILA BOMFIM: Investigação indica que Ramagem autorizou monitoramentos
- CÉSAR TRALLI: Rastreamento ilegal de celulares incluiu uso eleitoral e ‘cerco ao STF’, dizem investigadores
- QUEM É RAMAGEM? Ex-diretor geral da Abin foi impedido de chefiar a PF
Na ocasião, Andrei Passos disse que não responderia à nota porque a PF já tinha laudos comprovando que o aparelho da Abin invadia comunicações telefônicas.
Se a ferramenta First Mile efetivamente viola comunicações telefônicas, seria necessário pedir autorização judicial para quebra o sigilo telefônico dos cidadãos monitorados.
Em outras palavras, a agência de inteligência do estado estaria agindo fora da lei, bisbilhotando cidadãos por sua convicção política. Típico de ditaduras, não de democracias.
Fonte G1 Brasília