O papa Francisco criticou nesta sexta-feira (10) a indústria de contraceptivos, a quem acusou de destruir ou impedir a vida.
A crítica foi feita durante discurso em uma conferência em Roma sobre a crise demográfica que assola a Itália e a Europa. O pontífice também condenou a indústria de armas.
“Há um fato que um estudioso de demografia me contou. No momento, os investimentos que geram mais receita são as fábricas de armas e os contraceptivos. Um destrói a vida, o outro impede a vida… Que futuro temos? É feio”, disse o papa.
Ferrenho opositor da indústria de armas, Francisco também reafirmou a proibição de longa data da Igreja Católica sobre o controle artificial da natalidade, embora apoie as formas naturais de evitar a gravidez.
“Alguns pensam, desculpe-me se uso a palavra, que para sermos bons católicos, temos que ser como coelhos, mas não“, afirmou ele durante um voo de volta das Filipinas em 2015, acrescentando que a Igreja promove a “paternidade responsável”.
Na última década, a taxa de fertilidade da Europa se manteve em torno de 1,5 nascimento por mulher. O nível está acima da média do Leste Asiático, mas muito aquém dos 2,1 necessários para manter os níveis populacionais do continente.
A escassez de bebês é particularmente grave na Itália, onde os nascimentos caíram para uma baixa recorde em 2023, o 15º declínio anual consecutivo. Até agora, os sucessivos governos não conseguiram reverter a tendência, apesar das repetidas promessas.
‘Lares cheios de gatos e cachorros’
Na conferência de Roma, Francisco disse que o número de nascimentos era o primeiro indicador da “esperança de um povo”, e que a Europa estava se transformando cada vez mais em um continente “velho, cansado e resignado”.
“Os lares estão cheios de objetos e esvaziados de crianças, tornando-se lugares muito tristes. Não faltam cachorrinhos, gatos, não faltam. Faltam crianças”, declarou o pontífice.
Os governos precisam implementar políticas “sérias e eficazes” em favor das famílias para lidar com a questão, disse Francisco, pedindo aos jovens que tenham confiança no futuro.
Ele pediu políticas que permitam que as mães não tenham que escolher entre o trabalho e o cuidado dos filhos, e que deem aos jovens casais a chance de um emprego estável e a possibilidade de comprar uma casa.
“Sei que para muitos de vocês o futuro pode parecer inquietante e que, em meio a taxas de natalidade em declínio, guerras, pandemias e mudanças climáticas, não é fácil manter a esperança viva. Mas não desistam, tenham fé”, disse ele, referindo-se aos jovens.
Fonte G1 Brasília