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A equipe de campanha de Lula tem conversado internamente sobre a ampliação da listra tríplice de indicados para a Procuradoria-Geral da República (PGR) para uma lista com seis nomes.
Lula não quer se comprometer ? agora ? com a lista tríplice pois vai usar a indicação ? se eleito ? como parte da negociação com o Centrão se o bloco for majoritário no Congresso, além de ser uma forma de negociação com o próprio MP.
Como o blog revelou, o Centrão passou a defender o fim da lista tríplice, e quer repetir o modelo Augusto Aras ? o atual procurador-geral da República ? na sucessão dele, em 2023.
Como a indicação para PGR é peça estratégica na República, o petista tem evitado se comprometer com o processo atual, como fez na entrevista ao Jornal Nacional na quinta-feira (26), e acaba acenando para todos os lados para deixar em aberto a possibilidade de negociação com interessados em influenciar na escolha: de procuradores ao Congresso.
A lista tríplice é elaborada pela Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), que faz uma votação interna para indicar ao presidente da República os nomes que acredita serem os melhores para ocupar a PGR.
Embora não haja obrigação legal, desde 2003 os presidentes da República escolheram sempre o primeiro colocado dessa eleição. A tradição só foi quebrada por Jair Bolsonaro (PL) ao indicar Augusto Aras, que sequer entrou na lista e é visto por muitos como subserviente ao Planalto.
A ideia da equipe de campanha de Lula é que, além dos 3 nomes, a lista apresentada ao presidente da República inclua outros 3: um indicado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), outro, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e um terceiro pelo Congresso.
“A gente tem que oxigenar essa lista dando mais possibilidade de escolha ao presidente, desde que sejam respeitados requisitos mínimos, de notório saber jurídico, de reputação ilibada, enfim, mas nada que possa de alguma forma prendê-lo a um determinado específico critério de escolha ao primeiro da lista ou coisa do gênero”, diz Marco Aurélio Carvalho, conselheiro de Lula e coordenador do grupo Prerrogativas, que reúne advogados e professores de Direito.
Insuficiente para Centrão, fúria na ANPR
A estratégia de Lula de deixar a garantia em aberto, por ora, provocou insatisfação no Centrão e irritação no MP.
A possibilidade de o Congresso influenciar na escolha do procurador-geral da República ? a quem cabe investigar autoridades com foro privilegiado, como os deputados e senadores ? é uma cartada em forma de aceno de Lula ao Centrão, que hoje está formalmente com Bolsonaro mas gostaria, num eventual governo do petista, de manter na PGR alguém como Augusto Aras.
Nos bastidores, lideranças do Centrão tem batalhado para que a sucessora de Aras nome de Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral da República. Lula já indicou ao grupo que não a escolheria, mas uma lista sêxtupla permitiria apresentar uma alternativa que considere mais palatável.
No entanto, fontes do Centrão ouvidas nesta sexta-feira (26) pelo blog consideram insuficiente o aceno de Lula ? exatamente por considerar que ele foi dúbio.
E, por outro lado, a hipótese enfurece a ANPR.
?Lula faz discurso incoerente por que, se a ideia é escolha republicana ? que não é amigo ? então é lista tríplice. Que é transparente: o resto é opaco, o que Bolsonaro fez?, diz Ubiratan Cazetta, presidente da associação. ?A escolha precisa ser dentro da carreira por gente que conhece a carreira, não existe lista ampliada para nenhuma outra categoria: por que existiria para o MP??
Centrão do B e orçamento secreto
A entrevista de Lula ao JN também evidenciou qual a estratégia do ex-presidente para contornar o Centrão num eventual novo governo.
Uma delas é tentar criar uma espécie de Centrão do B ? um grupo de parlamentares de partidos de centro, mas com lideranças diferentes das do Centrão original, hoje pilotados por Valdermar da Costa Neto ? presidente do PL, partido de Bolsonaro ? Arthur Lira (PP-AL) ? presidente da Câmara dos Deputados ? e Ciro Nogueira (PP-PI) ? ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro.
Foi por isso que Lula, durante a entrevista ao JN, fez um aceno ao ex-presidente Michel Temer (MDB), ao dizer que o emedebista ? tratado com golpista pela militância petista por conta do impeachment de Dilma Rousseff (PT) ? ajudou, no papel de presidente da Câmara, o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC).
Também foi por isso que Lua ressaltou, ao longo da entrevista ao JN, que ele e o seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), vão buscar formar bancadas no Congresso para poder governar.
Já o Centrão atual avalia o que fazer no caso de vitória de Lula.
Durante o programa, o petista atacou duramente o orçamento secreto, pelo qual parlamentares conseguem destinar, de forma oculta, verbas do caixa do governo federal para áreas de seus interesses, e criticou diretamente Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, um dos líderes do Centrão e um dos principais artífices da ferramenta.
A fala irritou o Centrão, especialmente por que Lula poupou o Senado e mirou a Câmara.
Nos bastidores, a campanha petista comemora o desempenho de Lula no JN. O objetivo principal, avaliam, foi atingido: o petista admitiu que houve corrupção nos governos do PT, um mea culpa considerado essencial para quebrar a resistência do eleitor médio indeciso, o que não foi feito na eleição de 2018.
Alckmin 2026 e mea culpa de corrupção
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Por outro lado, os reiterados elogios a Alckmin criaram ciúmes no PT. Alguns interlocutores avaliam que o atual vice na chapa presidencial “chegou e sentou na janelinha de 2026”, em referência à eleição presidencial daquele ano.
Fonte G1 Brasília