Depois do discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em tom de ameaça ao governo, auxiliares próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiram a estratégia de convivência com o deputado: “cozinhá-lo” em banho-maria nestes últimos 12 meses de Lira à frente da Câmara.
O mandato dele como presidente da Casa acaba em fevereiro de 2025.
Na abertura do ano do Congresso, na segunda-feira (5), Lira deixou claro que quer que o governo pague emendas parlamentares e cumpra acordos. E que, caso contrário, a Câmara deverá reagir. Lira disse que o Orçamento não é “exclusividade” do Executivo.
A percepção no entorno de Lula é que, em alguns momentos, Lira criará um ruído em votação de matérias de interesse do governo. Mas que isso não terá força suficiente para emparedar o governo. E uma das razões dessa percepção é que, diferente de Lira, Lula ainda tem três anos no Palácio do Planalto.
Internamente no Planalto também há a avaliação de que o governo depende menos do Congresso neste ano do que no ano passado, quando precisava aprovar o arcabouço fiscal.
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Além disso, de forma pragmática, um ministro lembrou ao blog que Lira emplacou apadrinhados na presidência e em vice-presidências da Caixa, além de ter obtido também ministérios para aliados do Centrão. Isso evidencia que não é de interesse do deputado romper com o governo.
Na avaliação desse ministro, o poder de fogo de Lira tem um teto, e o governo saberá modular a relação.
A percepção é que o “cafezinho já começa a ser servido frio”. Ou seja, o a percepção do poder de Lira já foi maior. Uma sinalização foi a saída do PSB do bloco de Lira na Câmara, uma articulação feita pessoalmente pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
Fonte G1 Brasília