Cuiabá chega aos seus 306 anos com 325 bairros oficialmente reconhecidos — mas, se depender do prefeito Abílio Brunini, só um deles receberá atenção. Em um vídeo que mais parece peça de humor involuntário, Abílio surge ao lado da presidente da Câmara, Paula Calil, para anunciar o que chama de “boa notícia” ao Itapajé: talvez, quem sabe, com sorte, venha aí uma emenda para asfaltar uma rua. Sim, uma rua. O gesto seria louvável — se não escancarasse o despreparo administrativo e o improviso como política pública. Em vez de apresentar um plano estruturado de urbanização, o prefeito faz campanha de quarteirão, vendendo caçambas de areia como se fossem grandes obras.
Enquanto isso, os outros 324 bairros assistem, perplexos, ao show de varejo da gestão municipal. É como se governar Cuiabá fosse um bingo: quem tiver fé e paciência, um dia pode ver a sorte bater à porta em forma de brita e emulsão asfáltica. E assim, sem projeto, sem planejamento e sem vergonha de parecer ridículo, Abílio confirma o que os cuiabanos já sentem na pele (e nos pneus): a cidade avança, mas a gestão regride.