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Prefeito que recusou pedido de propina de pastor diz que ainda aguarda verba reivindicada ao MEC

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O prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza (PP), conhecido como Manoel do Vitorinho, disse ao g1, nesta quarta-feira (22), que ainda espera verbas do Ministério da Educação (MEC) para ampliação de uma escola infantil e compra de ônibus escolar.

A solicitação foi feita feita em 18 de março do ano passado, dia em que o prefeito diz ter recusado um pedido de propina de R$ 40 mil do pastor Arilton Moura, ligado a MEC. O pastor teria pedido o suborno em troca de uma escola profissionalizante para o município.

Arilton é um dos investigados pela Polícia Federal na operação que prendeu, nesta quarta, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Ribeiro é suspeito de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em esquema para liberação de verbas do MEC.

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Pedidos de verba protocolados no MEC

O prefeito Manoel do Vitorinho protocolou os pedidos de verba para a ampliação de uma escola de educação infantil do município e para compra de ônibus escolar em 18 de março de 2021, dia da reunião com o então ministro da Educação com cerca de 30 gestores municipais. Um ano e 3 meses depois, nenhuma verba chegou ao município.

“Até hoje Boa Esperança do Sul não foi contemplada com nenhum recurso do MEC. Inclusive na semana passada a gente recebeu um e-mail [do MEC], onde a gente teve que responder se o município tinha recebido algum recurso do MEC ou não. Essa também é nossa indignação, o MEC não tem um sistema que consiga ver os municípios que foram contemplados? Porém a gente segue à disposição para falar a verdade”, disse o prefeito ao g1 nesta quarta.

Ele também falou sobre a prisão do ex-ministro. “Realmente concretiza tudo aquilo que a gente denunciou, pra que realmente fosse cumprido mandado de prisão é porque realmente tem provas documentais. Agora se isso vai acabar com a corrupção, acho uma pergunta meio difícil de te responder”, afirmou.

O prefeito já prestou depoimento sobre o caso na Controladoria-Geral da União (CGU) e no Senado.

Pedido de propina em março de 2021

No dia em que fez os pedidos de verbas, após a reunião, o prefeito afirmou que o pastor Arilton fez a proposta de propina em um restaurante de hotel.

“Depois de protocolar, ele convidou para almoçar no restaurante do hotel e disse ?é que lá vai estar o pastor Arilton e o pastor Gilmar, eles vão falar um pouquinho sobre as demandas que vão liberar para os municípios?. Pegamos um táxi e fomos?, disse o prefeito à EPTV, em março deste ano.

“Ele [Arilton] falou: ‘prefeito, você sabe como as coisas funcionam, não dá pra ajudar todas as cidades, mas eu posso ajudar seu município’. Perguntei como e ele [Arilton] disse que era com uma escola profissionalizante. Respondi que isso não era uma necessidade do município e ele disse: ?olha prefeito, eu consigo fazer um papel, um ofício agora, te libero a escola, mas em contrapartida você precisa depositar R$ 40 mil na conta da igreja evangélica’. Eu levantei, bati no ombro dele e falei ?muito obrigado, pastor. Pra mim, dessa forma, não serve!??, contou na ocasião.

Pastor no MEC

Arilton é um dos pastores com trânsito livre no MEC e relação próxima com o ministro Milton Ribeiro. Uma reportagem do jornal ‘Folha de S. Paulo’ mostrou áudio de Ribeiro, em reunião com prefeitos, dizendo que repassa verbas do MEC a municípios indicados pelos pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em nota divulgada em março, Ribeiro negou favorecimento a pastores e também que a prática ocorresse a pedido de Bolsonaro.


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Operação da PF

A operação da Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta, em Santos (SP), o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

Uma fonte da PF em São Paulo disse à TV Tribuna que Milton Ribeiro deve ser levado para Brasília. Segundo o porteiro do prédio em que ele mora, o ex-ministro foi levado por volta das 7h.

A prisão de Ribeiro foi determinada pela Justiça por causa de um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC. O ex-ministro é investigado por suspeita de corrupção passiva; prevaricação (quando um funcionário público ‘retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício’, ou se o pratica ‘contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal’); advocacia administrativa (quando um servidor público defende interesses particulares junto ao órgão da administração pública onde exerce suas funções); e tráfico de influência.

A investigação envolve um áudio no qual Ribeiro dizia liberar verbas da pasta por indicação de dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido de Bolsonaro.

Fonte G1 Brasília

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