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Técnicofeudalismo: o retorno de senhores e servos no mundo digital

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A nova ordem mundial não se desenha mais nos campos de batalha ou nas câmaras do mercado tradicional, mas sim nos algoritmos e nos servidores de megacorporações. É o que o pesquisador Luiz Farias, mestre em comunicação pela UFRJ, define como “técnicofeudalismo”. Nesse novo paradigma, não há mais distinção clara entre poder político e econômico; ambos convergem para as mãos daqueles que dominam os dados. Como nos alerta Farias, os donos das “terras” digitais – Google, Meta, Amazon e seus equivalentes chineses – agora controlam o destino das massas conectadas.

Esse modelo, segundo Farias, remete ao feudalismo medieval, mas com uma atualização brutal: em vez de terras, o poder é concentrado em nuvens de dados e sistemas algorítmicos. Não somos mais cidadãos em uma democracia global; somos camponeses em uma rede dominada por senhores digitais. Enquanto isso, figuras como Zuckerberg e Musk se colocam como paladinos de uma suposta liberdade de expressão, que, na prática, funciona como o “direito divino” de moldar discursos e silenciar opositores em suas plataformas opacas.

O Brasil, como Farias aponta, é um exemplo claro de como a América Latina está vulnerável a esse colonialismo de dados. As big techs norte-americanas interferem sem escrúpulos em eleições, enquanto clamam por desregulamentação. Por outro lado, a China – vista muitas vezes como autoritária – avança com um modelo de soberania digital que desafia o domínio ocidental. Para o pesquisador, essa dualidade entre EUA e China define o tabuleiro do técnicofeudalismo global.

Por trás dessa disputa, surge uma nova Guerra Fria, onde o conflito não é apenas por territórios, mas por narrativas e controle de informações. Farias alerta que, se não houver regulação e resistência, países como o Brasil continuarão sendo campos de testes para desinformação, golpes digitais e retrocessos políticos. “É preciso entender que a batalha pela democracia digital é a batalha pela própria democracia”, resume.

Enquanto a velha economia neoliberal dá sinais de colapso, o técnicofeudalismo se consolida como seu sucessor. E, ao contrário do que se pensa, não se trata apenas de tecnologia. É sobre poder, soberania e, sobretudo, a nossa capacidade de resistir ao destino de sermos eternos servos em um feudo global de silício e algoritmos.

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