O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que uma terceira embarcação que circulava em frente ao litoral da Venezuela foi “eliminada” pela frota militar dos EUA que navega na área
Trump afirmou que a embarcação, que, segundo ele, transportava drogas, foi alvejada junto do segundo barco que os EUA abateram na segunda-feira (15), deixando três mortos. Um primeiro ataque ocorreu no início de setembro, quando 11 pessoas morreram.
“Na verdade, eliminamos três embarcações, não duas, mas [vocês] viram duas”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca antes de partir para o Reino Unido para uma visita de Estado.
O governo norte-americano não deu detalhes sobre o local exato ou a data do terceiro ataque, nem se houve vítimas. A Venezuela também ainda não havia confirmado a nova ofensiva até a última atualização desta reportagem.
“Parem de enviar drogas aos Estados Unidos”, declarou Trump, em resposta a um jornalista que lhe perguntou qual mensagem queria enviar ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Trump mencionou na segunda, em sua plataforma Truth Social, o segundo ataque “na área de responsabilidade do Southcom”, o comando militar dos Estados Unidos para a América do Sul e o Caribe.
Este ataque, segundo o norte-americano, matou três “narcoterroristas” venezuelanos. Um vídeo da ofensiva mostra uma lancha parada, com pessoas a bordo, explodindo em alto-mar (veja no vídeo acima).
Os navios norte-americanos no Caribe também detiveram e inspecionaram um barco pesqueiro venezuelano no domingo (14), como parte dessa mobilização.
Maduro, por sua vez, disse na noite desta terça que os Estados Unidos ameaçam com uma “guerra no Caribe contra a Venezuela”, mas evitou se referir às declarações de Trump. O dirigente venezuelano clamou pela “união nacional” durante um ato transmitido em cadeia obrigatória de rádio e televisão.
Críticas de especialistas
Esses ataques provocaram uma mobilização militar na Venezuela e acenderam os alarmes de outros países na região, como Brasil e Colômbia.
Caças venezuelanos sobrevoaram embarcações americanas e Washington respondeu com o envio de caças F-35 a Porto Rico.
Os Estados Unidos acusam Maduro de liderar uma rede de tráfico de drogas, o Cartel de los Soles, cuja existência é objeto de debate.
“Há uma agressão militar em andamento e a Venezuela está autorizada pelo direito internacional a enfrentá-la”, declarou Maduro durante uma coletiva de imprensa na segunda-feira.
Seu país exercerá seu “direito legítimo de se defender”, alertou Maduro, ao classificar as acusações dos Estados Unidos de “mentiras” e afirmou que a cocaína exportada para os Estados Unidos, o maior consumidor mundial, transita principalmente pelo Pacífico e pelos portos do Equador.
“O direito internacional não permite que os governos simplesmente assassinem supostos traficantes de drogas”, apontaram especialistas em um comunicado publicado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
“As atividades criminosas devem ser interrompidas, investigadas e processadas de acordo com o Estado de Direito, incluindo a cooperação internacional”, acrescenta o texto assinado por três especialistas que colaboram regularmente com o organismo.
São eles: Ben Saul, relator especial sobre a luta contra o terrorismo e os direitos humanos, Morris Tidball-Binz, relator especial sobre execuções extrajudiciais, e George Katrougalos, especialista independente.
O governo Trump invoca a legislação que os Estados Unidos implementaram após os ataques de 11 de setembro de 2001, e que, a seu ver, permite tais ataques. Além disso, segundo insistem as fontes oficiais, essas ações estão ocorrendo em águas internacionais.
Ataques letais fora dos Estados Unidos têm sido usados regularmente por governos americanos — republicanos e democratas — nas últimas décadas, e também por outros países, como no combate à pirataria no Golfo de Áden, no Mar Vermelho.
Fonte G1 Brasília