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Vaso em 180 pedaços, quadro de R$ 8 mi de Di Cavalcanti: saiba como foi restauro de obras vandalizadas em 8/1 que voltam hoje a Brasília

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A cerimônia em defesa da democracia, que será realizada em Brasília nesta quarta-feira (8) para lembrar os dois anos dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, também irá marcar a reintegração das obras de artes danificadas pelos vândalos ao Palácio do Planalto.

Ao todo, 21 peças foram restauradas em um laboratório montado no Palácio da Alvorada, enquanto um relógio de pêndulo do século XVII trazido ao Brasil por Dom João VI precisou ser recuperado na Suíça. (Saiba mais abaixo).

O processo de restauro das obras foi conduzido por profissionais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que assumiu os custos. A professora Andrea Bachettini, que coordenou o processo, conta que o trabalho precisou ser todo feito sem retirar as obras de Brasília, contou com cerca de 50 especialistas e levou mais de um ano e meio para ser finalizado.

“Foi das coisas mais dolorosas que eu já vi. Chocou muito, pois é a história da arte brasileira, são obras do povo brasileiro. É um trabalho importantíssimo para todos nós, pela carga simbólica. “, destaca a pesquisadora do Departamento de Museologia, Conservação e Restauro da UFPel.

No processo de restauro, as obras passaram por exames de raio-x, raios ultravioleta, infravermelho, além de análises dos tipos de tecido e pigmentos usados originalmente pelos artistas.

“Não esconder as cicatrizes”

Entre as obras restauradas, está uma tela de Di Cavalcanti, conhecida como “As Mulatas” (a obra, no entanto, nunca foi oficialmente batizada pelo autor), de 1962. A tela foi rasgada por vândalos em sete pontos com um objeto cortante.

Para restaurá-la, a equipe precisou unir as partes rompidas com uma cola especial, realizar dois enxertos com material similar à tela original e fazer pequenas novas aplicações de tinta (processo chamado de “reintegração pictórica”), também com um pigmento especial, para que o restauro seja identificável em possíveis futuras intervenções. Nos pontos em que não foi necessário enxerto de tecido, a trama das fibras foi refeita, em um processo minucioso e demorado.

“Como é uma obra de grande valor econômico e importantíssima para a história da arte, optamos que o restauro ficasse imperceptível pela frente, mas colocamos um poliéster transparente na parte de trás, para que ficassem expostas as marcas que ela sofreu. Optamos por não esconder as cicatrizes“, explica Andrea.

Vaso em 180 pedaços e escultura jogada de três andares

Outras obras precisaram passar por intervenções mais profundas, como um vaso italiano de cerâmica que foi rompido em 180 pedaços após os atos de vandalismo.

“Colamos peça por peça, imitamos a pintura como a original e precisamos fazer um molde para alças do vaso, que tinha partes faltando. Catalogamos os 180 fragmentos e todos os farelos, mesmo os que não tívemos como usar. Está tudo guardado e catalogado”, explica Andrea.

Já a escultura “Vênus Apocalíptica Fragmentando-se”, de Marta Minujín, segundo Andrea, “foi lançada pela janela como uma arma, como uma bola de canhão, do terceiro andar”. “Se pegasse em alguém, mataria”, diz a restauradora.

A obra também passou por um processo profundo de restauro e volta nesta quarta a Brasília.

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Reintegração de obras

O primeiro ato da cerimônia teve a reintegração ao acervo do governo de obras de arte que foram vandalizadas por golpistas. O Planalto escolheu destacar o retorno de um relógio de pêndulo do século XVII e de uma ânfora portuguesa em cerâmica esmaltada por simbolizarem a dificuldade do processo de reparo.

O relógio foi feito por Balthazar Martinot, relojoeiro da corte francesa, e foi trazido ao Brasil por Dom João VI, que se tornou rei de Portugal. A peça é feita de casco de tartaruga e com um bronze que não é fabricado há dezenas de anos.

Obra de Di Cavalcanti

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O quadro é a principal peça do Salão Nobre do Planalto e tem um valor estimado em R$ 8 milhões, embora seu valor de venda possa ser cinco vezes maior em leilões, de acordo com o governo.

A obra de 1962 é uma das mais importantes já produzidas pelo pintor carioca Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (1897-1976). O Planalto informou que foram encontrados sete rasgos de diferentes tamanhos.

Elizabeth Di Cavalcanti, filha do artista, esclareceu ao jornal O Globo que, embora a tela esteja sendo chamada na imprensa e nas redes sociais de “As mulatas”, ela não tinha nome, porque seu pai não batizava suas obras.

Previsto para as 10h30, o segundo ato será a apresentação do quadro após o restauro. A peça, que ficava no terceiro andar do Planalto, foi furada e rasgada por extremistas.

Lula também receberá de cinco alunos de um projeto de educação patrimonial réplicas de “As mulatas” e da ânfora.

Abraço pela democracia

Lula e os demais convidados da cerimônia descerão a rampa do Planalto e irão até a Praça dos Três Poderes para o “abraço da democracia”. O governo montará um arranjo de flores na praça com a palavra “democracia”.

Veja a lista de obras restauradas:

Lista de obras restauradas que serão devolvidas ao acervo da Presidência:

  1. Relógio de mesa, de Balthazar Martinot e André Boulle
  2. Ânfora italiana em cerâmica esmaltada
  3. Escultura O Flautista, de Bruno Giorgi
  4. Escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se, de Marta Minujín
  5. Quadro com a pintura Mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti
  6. Quadro com pintura do retrato de Duque de Caxias, de Oswaldo Teixeira
  7. Quadro representando galhos e sombras, de Frans Krajcberg
  8. Quadro com a pintura Fachada Colonial Rosa com Toalha
  9. Quadro com a pintura Casarios, de Dario Mecatti
  10. Quadro com a pintura Cena de Café, de Clóvis Graciano
  11. Quadro com a pintura Paisagem, de Armando Viana
  12. Pintura de Glênio Bianchetti
  13. Pintura de Glênio Bianchetti
  14. Pintura de Glênio Bianchetti
  15. Pintura de Glênio Bianchetti
  16. Pintura de Glênio Bianchetti
  17. Quadro com a pintura Matriz e Grade no primeiro plano, de Ivan Marquetti
  18. Quadro Rosas e Brancos Suspensos, de José Paulo Moreira da Fonseca
  19. Tela Cotstwold Town, de John Piper
  20. Tela de Grauben do Monte Lima
  21. Tela Bird, de Martin Bradley

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Fonte G1 Brasília

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