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‘Você já leu o Delfim hoje?’

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?Você já leu o Delfim hoje??

Essa era uma pergunta comum quando o ex-ministro da Fazenda e da Agricultura dos governos militares escrevia suas colunas na “Folha de S. Paulo”. O texto do político, quatro vezes deputado federal, era leitura obrigatória na época.

Crítico em tom ácido, mas sem nunca perder o bom humor, Delfim Netto era um analista refinado, profundo e que costumava antecipar movimentos na economia brasileira e mundial.

Fui conhecê-lo em Brasília, quando ele já era deputado federal.

Cheguei a Brasília em 1988, depois dos governos militares ? nos quais que Delfim assinou o Ato Institucional número 5 (AI-5), ajudou a construir o milagre econômico, mas também deixou o um país com uma dívida externa elevadíssima, inflação em alta e perda de renda da população mais pobre do país. Soube se reinventar depois.

Votou pelo impeachment de Fernando Collor de Mello e criticou o que considerou um viés eleitoreiro do Plano Real.

Em seguida, no entanto, acabou se aproximando de Luiz Inácio Lula da Silva ? algo inimaginável pelo seu histórico de participação nos governos militares de Costa e Silva, Médici e, por fim, João Batista Figueiredo. Declarou seu voto no petista no segundo turno da eleição de 2002.

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Acabou se transformando num interlocutor privilegiado de Lula nos seus dois primeiros mandatos. O petista costumava ouvi-lo quando o tema era economia em seu governo.

Era crítico do PT, mas apoiador do então presidente Lula. Teve seu nome envolvido em dois escândalos, mas em ambos os casos, nenhuma prova contra ele foi encontrada.

Eu costumava ouvi-lo com frequência em Brasília e, depois, quando voltou para São Paulo.

Sempre o procurava para avaliar o cenário econômico, entender melhor o que estava acontecendo na economia mundial.

Ele sempre tinha uma grande lucidez para analisar os fatos da economia, desvios de rota do governo Lula, acertos.

Era divertido. Um almoço com ele era sempre um momento para falar dos fatos do dia, mas também para dar boas risadas e ouvir histórias dos bastidores da política.

Ele conhecia muita coisa que nunca veio a público e contava com uma memória maravilhosa. Delfim soube se manter relevante e reescrever sua história.

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Fonte G1 Brasília

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