O deputado estadual Wilson Santos (PSD) apontou como inevitável o debate sobre o projeto de fixação de câmeras nas fardas e viaturas dos agentes da Segurança Pública em Mato Grosso, enfatizando que tem dado resultados positivos nas cidades onde já existe o sistema de registro audiovisual durante abordagens policiais. Entretanto, o projeto encontra resistência dentro da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) entre os deputados da Comissão de Segurança Pública da Casa, que já impediram a tramitação de matéria semelhante no passado.
Mesmo com os embates dentro do parlamento, Wilson diz que a adoção das câmeras nas fardas é um caminho sem volta, diante das mudanças sociais e tecnológicas atuais. Em busca de apoio para ‘abrir a mente’ dos colegas para aprovar seu projeto, Santos propôs uma visita parlamentar, principalmente os que fazem parte da Comissão de Segurança da ALMT, a algumas cidades em que a câmera já faz parte da rotina diária de policiais, entre eles os estados de São Paulo e Santa Catarina.
“Manterei meu posicionamento na Casa. Reapresentei o projeto, já temos apoio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), já convidei alguns colegas deputados para visitarmos São Paulo e Santa Catarina, ouvirmos os dois lados, o que há de bom e o que há de ruim. Vamos na Rotam, no BOPE, vamos conversar com o secretário de Segurança, para que a gente possa enriquecer nosso conhecimento e tomar uma decisão que possa beneficiar a sociedade”, disse Wilson Santos, em conversa com jornalistas.
Pioneiro no monitoramento policial, o Governo de São Paulo divulgou o resultado de uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontando que o uso de câmeras nas fardas reduziu em 57% o número de mortes por intervenção policial, em comparação com o período anterior à implantação da tecnologia.
A batalha de Wilson Santos para implantar o projeto das câmeras já vem de longa data. Em 2021, o deputado apresentou o mesmo projeto; entretanto, o texto sequer chegou ao plenário para votação. O deputado acusou os membros da Comissão de Segurança de ‘segurar’ a proposta, por serem contrários à ideia. À época, a maioria dos membros da Comissão de Segurança era de egressos das forças policiais. E com a mudança de Legislatura, a proposta anterior foi arquivada e Wilson decidiu reapresentá-la neste ano.
Porém, nas primeiras semanas de fevereiro deste ano, dois casos emblemáticos e de repercussão nacional foram registrados em MT. No primeiro, em 5 de fevereiro, Diego Kaliniski (26) foi morto por um policial durante uma abordagem por perturbação do sossego em Vera (461 Km de Cuiabá). Já no dia 12, uma semana depois, Pablo Ferreira de Carvalho (25) também foi morto por policiais durante um surto psicótico, desta vez no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá. Conforme Wilson, esses dois casos podem ajudar a quebrar a resistência que existe em torno de seu projeto.
“O que não dá é todo fim de semana assistirmos execuções, mortes, não de gente de comando ou de facções, mas execução de trabalhadores, estudantes e de jovens, isso é inadmissível. Enquanto eu estiver na Casa eu vou lutar por uma polícia moderna e civilizada, que tenha não medo, mas respeito da sociedade”, concluiu.
Fonte: Isso É Notícia