O deputado Elmar Nascimento (União-BA) cobrou nesta terça-feira (29) a neutralidade do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na disputa pela sucessão no comando da Câmara. Lira anunciou hoje apoio ao nome do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para o cargo.
“Eu acho que a postura mais correta era em janeiro [Lira] anunciar o seu voto pessoal, mas ficar equidistante do processo e ficar como magistrado. Uma postura mais digna e elogiável. Teria os meus elogios. Espero ainda até que reveja a posição, que rebaixa a posição institucional do presidente da Casa?, afirmou.
Elmar é um antigo aliado político de Lira e disse a aliados que considerou uma traição o apoio de Lira à Motta.
“Sempre vou o cumprimentar, sempre vou o respeitar. Decepção por não ter o apoio pessoal, entendendo que eu reunia as melhores condições de poder dirigir a Casa, eu posso ter, [mas] não vou colocar isso dianta dos interesses do meu partido e do bloco que eu lidero e tem sido correto comigo”, disse.
O deputado negou ter cobrado de Lira apoio pela relação de amizade, mas destacou que sua escolha atenderia a critérios do grupo político de ambos.
“Eu nunca quis ser candidato do coração [de Lira], [quis ser] candidato do critério. Vocês falam muito do blocão do Lira. Cadê o blocão do Lira? Está todo comigo”, afirmou. “Então todo mundo está errado e ele está certo?”, continuou.
Elmar defendeu que os candidatos ao cargo participem de um debate para apontarem quais compromissos estão dispostos a assumir.
Além de Elmar e Hugo Motta, também está na disputa o deputado federal Antonio Brito (PSD-BA).
“O país merece nos conhecer, nos conhecer profundamente do ponto de vista do que a gente pensa e quais são nossas propostas para o futuro”, disse.
A ideia não é nova. A Câmara realizou um debate entre candidatos à presidência da Câmara em 2007.
Anistia ao 8 de janeiro
Um dos principais temas relacionados à sucessão na Câmara é a anistia aos envolvidos nos atos do 8 de janeiro.
A oposição, encabeçada pelo PL, defende a votação do projeto que concede anistia aos incriminados pelos atos. O PT e a base governista são contrários ao projeto.
O projeto estava pautado para votação ainda nesta terça na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, mas o presidente Arthur Lira devolveu o projeto à estaca zero ao enviá-lo para análise em uma comissão especial.
Elmar Nascimento sinalizou que pode fazer um acordo com o PT para frear a pauta. “Não tenho como receber o apoio do PT e da esquerda e apoiar a pauta mais cara contra eles. Não dá para se esconder e não dizer que isso não é um tema sensível e se esconder”, afirmou.
Fonte G1 Brasília