Negociadores israelenses e do Hamas são esperados neste domingo (5) no Cairo, capital do Egito, para negociações indiretas sobre o plano de Donald Trump, que tem como objetivo encerrar a guerra em Gaza e garantir a libertação dos reféns ?algo que o líder israelense Benjamin Netanyahu disse esperar “nos próximos dias”.
O enviado americano Steve Witkoff e o genro de Donald Trump, Jared Kushner, também são esperados no Egito para essas tratativas.
Essa intensa movimentação diplomática, a dois dias do segundo aniversário do ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, ocorre após a resposta positiva do grupo terrorista palestino ao plano de paz apresentado no final de setembro pelo presidente americano Donald Trump.
Em Jerusalém, Netanyahu anunciou em discurso televisionado no sábado que pediu à sua equipe de negociadores que fosse ao Egito ? país mediador nesse processo ? para “finalizar os detalhes técnicos”. O premiê disse também esperar que todos os reféns mantidos na Faixa de Gaza sejam trazidos de volta para casa “nos próximos dias”.
Donald Trump advertiu que não “toleraria qualquer atraso” na implementação de seu plano, que prevê um cessar-fogo, a libertação dos reféns em até 72 horas, a retirada gradual do exército israelense de Gaza, o desarmamento do Hamas e o exílio de seus combatentes.
Hamas concorda com plano, mas ataques continuam
Na noite de sexta-feira, o Hamas declarou estar pronto para negociações imediatas visando à libertação dos reféns e ao fim da guerra, dentro do plano proposto. O presidente americano então pediu a Israel que “pare imediatamente os bombardeios em Gaza, para que possamos retirar os reféns de forma rápida e segura”.
Apesar do apelo do presidente americano, Israel continuou no sábado com os ataques à Faixa de Gaza, onde pelo menos 57 pessoas foram mortas durante o dia, segundo a Defesa Civil, que opera sob autoridade do Hamas.
O grupo islamista, por sua vez, não mencionou a questão de seu próprio desarmamento. “Isso acontecerá ou diplomaticamente pelo plano de Trump, ou militarmente por nós”, declarou Netanyahu em seu pronunciamento.
Como ocorre todos os sábados à noite, manifestações pedindo a libertação dos reféns foram realizadas em Jerusalém e Tel Aviv. “O povo quer paz”, diziam os cartazes.
Manifestações em prol da Palestina mobilizaram milhares de pessoas na Europa na véspera.
Em Gaza, a continuidade dos bombardeios causa desespero na população, que havia comemorado a resposta do Hamas ao plano Trump.
Plano de Trump prevê tecnocratas e força internacional
O plano americano também prevê a criação de uma autoridade de transição composta por tecnocratas sob supervisão de Donald Trump, além do envio de uma força internacional. O plano exclui qualquer papel do Hamas “na governança de Gaza”.
No entanto, em sua resposta ao plano na sexta-feira, o Hamas afirmou que pretende participar das discussões sobre o futuro do território.
O ataque de 7 de outubro resultou na morte de 1.219 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo um balanço da agência de notícias AFP baseado em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 47 continuam reféns em Gaza, das quais 25 estão mortas, segundo o exército.
A ofensiva de represália israelense causou pelo menos 67.074 mortes em Gaza, também em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Fonte G1 Brasília