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Assessores acusam André Janones de montar esquema de ‘rachadinha’ em gabinete na Câmara

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Assessores e ex-assessores do deputado federal André Janones (Avante-MG) afirmam que o parlamentar operou, a partir de 2019, um esquema de “rachadinha” no gabinete a partir de 2019, quando assumiu o primeiro mandato.

A rachadinha é uma prática ilegal na qual o gabinete de um parlamentar contrata funcionários, mas impõe a condição de que eles “devolvam” parte dos salários. Muitas vezes, são funcionários fantasmas, que nem vão aos gabinetes.

Segundo esses denunciantes, a prática foi adotada, pelo menos, durante todo o primeiro mandato de Janones (2019-2022).

E teria, também, sido adotada pela ex-assessora de André Janones Leandra Guedes na prefeitura de Ituiutaba (MG) ? ela foi eleita prefeita do município em 2020 e levou parte dos assessores para compor sua equipe no novo posto.

Em razão do foro privilegiado de Janones, a denúncia tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) desde maio deste ano.

Janones e Leandra negam as irregularidades apontadas nas denúncias.

“[…] usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto e para tentar me imputar um crime que eu jamais cometi. Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na integra e não edições manipuladas, postada quase simultaneamente por todas as lideranças de extrema-direita”, disse Janones em uma rede social.

“Essas denuncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialiade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados. No mais, repito eu nunca recebi um único real de assessor, não comprei mansões, nem enriqueci e isso por uma simples razão, eu nunca fiz rachadinha”, prosseguiu.

“A prefeita Leandra Guedes, ex-assessora do deputado federal André Janones, informa que não tem conhecimento do conteúdo divulgado nesta segunda-feira (27) e jamais presenciou ou participou de qualquer conduta ilegal”, afirmou Leandra em nota.

Questionada pela TV Globo, a Polícia Federal disse que não poderia informar os avanços na investigação porque não comenta procedimentos em curso.

A primeira denúncia

A primeira denúncia foi feita por Fabricio Ferreira de Oliveira, que integrava o grupo político de Janones e trabalhou no gabinete entre fevereiro de 2019 e novembro de 2021.

Ao MPF em Minas, Oliveira disse que Janones recebia parte do salário de servidores comissionados lotados em seu gabinete em Brasília. O esquema seria operado pela então secretária parlamentar Leandra Guedes.

O agora ex-assessor anexou à denúncia uma gravação com outro assessor de Janones, Alisson Alves Camargos. No áudio, Alisson diz que recebia cerca de R$ 10 mil e que repassava, mensalmente, quase R$ 5 mil para ?eles” ? em referência a André Janones e Leandra Guedes.

?É quase cinco contos que eu passo pra eles. Nem nove mil tô tirando. Nove mil no papel, entendeu??, diz Alisson. ?É aquele mesmo esquema: dá o dinheiro pra Leandra, e ela passa pro André?, afirma em outro momento da gravação.

Leandra, segundo assessores ouvidos pelo g1, era responsável por pressionar e cobrar as contribuições ? ora esporádicas, ora mensais. Os repasses eram feitos em dinheiro.

À época, Oliveira disse ao MPF que, embora negasse, Janones era o destinatário dos valores ? e que a prática teria começado em 2019, anunciada pelo próprio deputado em reunião com os funcionários.

Novos áudios

Quando a primeira denúncia foi protocolada, os ex-assessores tinham como provas apenas conversas entre eles. Neste mês, no entanto, surgiram novos áudios que mostram o próprio deputado André Janones aparece explicando o suposto esquema.

O áudio foi revelado pelo portal “Metrópoles” nesta segunda-feira (28) e obtido também pelo g1. O material deve ser anexado às investigações em curso na PF e no Ministério Público Federal.

Segundo assessores de Janones ? um que deixou a equipe após as eleições de 2022, e outro que segue no gabinete ?, a gravação foi feita na primeira reunião da equipe de Janones após assumir a liderança do Avante na Câmara, em 5 de fevereiro de 2019.

Em quase 50 minutos de áudio, Janones se dirige aos 15 funcionários escolhidos para trabalhar na estrutura. São quase 50 minutos de áudio. Por volta do minuto 18, o deputado começa a discursar sobre corrupção, e se compromete a não se ?corromper?.

Na sequência, no entanto, diz que ?algumas pessoas? presentes à reunião teriam salários mais altos, para que pudessem ?ajudar? a recompor o patrimônio perdido por ele nas eleições de 2016 à Prefeitura de Ituiutaba.

Janones diz não achar ?justo? que um funcionário recebesse R$ 10 mil líquidos e que ele, R$ 25 mil, mas tivesse que pagar R$ 15 mil mensais em dívidas. Ele nega que o esquema seja uma rachadinha e diz não considerar uma corrupção.

“Não me corromper significa não ceder à corrupção. Tem algumas pessoas aqui, que vou conversar em particular depois, que vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas que ficou da minha campanha de prefeito, porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. Elas vão ganhar a mais para isso. ?Ah, isso é devolver salário, e você está chamando de outro nome.? Não é, porque o devolver salário você manda na minha conta, e eu faço o que eu quiser. Isso são simplesmente pessoas que eu confio e que participaram comigo em 2016, que eu acho que elas entendem que realmente meu patrimônio foi todo dilapidado.?

?Acho justo que essas pessoas participem comigo da reconstrução disso. Não considero isso uma corrupção. É uma pessoa que é amigo, que entendo que, na hora que eu conversar, vai se dispor a me ajudar?, afirma.

?Não acho justo, por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil, e eu vou ganhar R$ 25, né, de? Só que o Mário os 10 mil é dele, é líquido. Eu, dos 25, 15 eu vou usar para pagar as dívidas que ficou de 2016. Não é justo, entendeu??

Segundo os assessores, o esquema teria se iniciado nesse dia. Eles dizem que, por medo, colegas não rejeitaram a prática.

A participação de Leandra Guedes

O esquema, segundo os denunciantes, foi se atualizando com o passar do tempo e ganhando forma na mão de Leandra Guedes.

De acordo com os assessores, cabia a Leandra cobrar e juntar os valores obtidos. Com a eleição à prefeitura, a responsabilidade pelas cobranças teria sido repassada a aliadas de Leandra no gabinete.

Algumas trocas de mensagens de Janones com integrantes do gabinete, também reveladas nas últimas semanas, mostram que ele tentou atribuir à Leandra o destino do dinheiro.

Mostram, também, uma tentativa de Janones de rebater o áudio de Alisson Camargos que atribuía a Leandra e ao deputado a operação do suposto esquema.

?Hoje que ouvi os áudios. Hora nenhuma o Alisson fala que devolve dinheiro pra mim. É sério que vocês não perceberam isso? Ele fala que todo mês ele tem que pagar a Leandra, só isso. Pagar o dinheiro que ele devia. Quem fala meu nome é o Fabricio. E ainda assim ele fala ‘deve’ passar pro André. Ele não afirma.?

Fonte G1 Brasília

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