O delegado Bruno Calandrini afirmou, em um relatório da Polícia Federal, que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro ?estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência e que teria sido informado ?supostamente” por meio de uma ligação recebida do presidente da República? Jair Bolsonaro.
Ribeiro é investigado por corrupção passiva, advocacia administrativa, tráfico de influência, prevaricação e por suposto envolvimento em um esquema fraudulento de liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC).
A investigação envolve um áudio divulgado em março em que o então ministro afirma que, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), liberava verbas do Ministério da Educação por indicação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
Ribeiro e os pastores chegaram a ser presos pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (22). Mas foram soltos nesta quinta, por decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (veja mais abaixo).
A PF afirma que Ribeiro externou a preocupação da possível busca e apreensão “com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura? e que há indícios de vazamento. As informações constam em um despacho obtido pela TV Globo e foram obtidas por meio de interceptação telefônica autorizada pela Justiça.
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?As transcrições das conversas datadas acima evidenciam que MILTON RIBEIRO estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência e externa preocupação com os pastores GILMAR e ARILTON?, diz o documento.
No despacho, o delegado afirmou também que Ribeiro telefonou para uma pessoa identificada como Waldomiro Barbosa Júnior no dia 3 de junho. Dois dias depois , falou com outra identificada como Adolfo. No dia 9 de junho, Ribeiro conversou com sua filha e relatou o suposto diálogo com o presidente.
?Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de MILTON com WALDEMIRO e ADOLFO e, sobretudo, a precisão da afirmação de MILTON ao relatar à sua filha JULIANA que seria alvo de busca e apreensão, informação supostamente obtida através de ligação recebida do Presidente da República?, escreveu Calandrini.
A PF cita ainda outra conversa de Ribeiro com sua mulher, Myrian Ribeiro no dia 22.
O delegado concluiu dizendo: ?isso posto, os indícios de vazamento são verossímeis e necessitam de aprofundamento diante da gravidade do fato aqui investigado?.
Decisões
Ribeiro e os pastores foram presos com base em uma decisão do juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília. O magistrado determinou a medida por entender que, soltos, eles poderiam causar riscos às investigações sobre o escândalo do MEC.
No dia seguinte, o desembargador Ney Bello derrubou a decisão sob o argumento de que Milton Ribeiro não integra mais o governo e que os fatos investigados não são atuais, portanto, para ele, não se justifica a prisão. Por isso, o desembargador determinou que a prisão deveria ser convertida em uma medida cautelar.
Fonte G1 Brasília