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‘Dormia com chave de fenda no travesseiro para me proteger’, ‘me ligou se masturbando’: veja relatos de funcionárias da Petrobras sobre abusos em plataformas

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A GloboNews ouviu mais relatos de funcionárias da Petrobras sobre abusos sofridos quando estavam embarcadas em plataformas da empresa. Os assédios aconteceram entre 2009 e 2019. Uma técnica em segurança do trabalho que preferiu não se identificar conta que é concursada há 14 anos e que o primeiro assédio ocorreu assim que ela assumiu o cargo.

“Em um dos embarques, quando eu estava sozinha no camarote [alojamento feminino] à noite, o telefone tocava e era uma pessoa gemendo no telefone. Eu acho que eles fazem isso para criar um ambiente de medo. É uma intimidação. E eu apenas desligava. Mas teve um dia que ele ligou e ele falou: ‘eu sei que você está aí sozinha, talvez eu te faça uma visita'”.

Ela decidiu não comunicar a chefia porque sentiu medo de ser revitimizada. “Os homens na época minimizavam a ocorrência e diziam que mulheres ‘davam muito problema a bordo, mulher reclama muito’. Eu nunca me senti validada para relatar isso para liderança porque eu sentia que seria revitimizada. Então eu não falei nada com chefe nenhum, mas dormia com uma chave de fenda debaixo do travesseiro para me proteger caso acontecesse alguma coisa”, disse.

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Depois do primeiro episódio, a funcionária diz que percebeu que os abusos eram comuns. Em 2015, ela sofreu assédio quando embarcou percebeu que um homem a seguia nas áreas operacionais.

“Às vezes eu abria a porta do meu camarote e ele estava ali, na porta. Ele nunca se dirigiu a mim pessoalmente, mas ele encontrou meu perfil no Facebook e começou a me mandar um monte de mensagem falando que sonhou comigo, coisas que não deveriam ser ditas, mensagens de cunho sexual, e eu falei para ele pelo Facebook que não queria mais receber esse tipo de mensagem, que eu ia bloquear ele e que ia fazer os prints das mensagens”.

Ela também não relatou o caso para a liderança, mas pediu para que um colega assumisse as funções operacionais para que ela ficasse nas áreas burocráticas. Em 2017, ela relata ter sido vítima de assédio moral de um gestor. “Eu não denunciei porque estava só a gente. Era minha palavra contra a dele. A gente conhece casos de homens que foram denunciados por causa de assédio sexual. Eles foram retirados do cargo em um momento, mas retornaram e até foram promovidos. Isso é inadmissível”

O grupo de trabalho criado pela Petrobras na segunda-feira (3), após a revelação de denúncias de assédio sexual, terá como missão incentivar mulheres que fizeram relatos de abusos a formalizar as denúncias, além de promover um raio X em casos já denunciados por funcionárias na ouvidoria nos quatro últimos anos.

Em um desses casos, o blog mostrou que a empresa foi comunicada sobre o abuso sexual cometido contra três mulheres no Centro de Pesquisas (Cenpes) na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio, há mais de seis meses, mas só demitiu o funcionário Cristiano Medeiros de Souza, acusado pelos assédios, depois de uma denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ). Uma investigação interna foi aberta pela ouvidoria da empresa depois de denúncias das vítimas, mas foi arquivada, sem punição, sob a alegação de falta de provas, apurou a GloboNews.

?Tive medo de me empurrar no mar?

“Em 2019, eu estava embarcada e um homem ligou para o meu camarote se masturbando. Eu desliguei, ele ligou novamente. E ele ligou perguntando se eu estava sozinha, querendo continuar essa conversa sensual. Eu me flagrei sozinha no camarote onde a porta estava quebrada e aberta”. O relato é da técnica em segurança do trabalho Bárbara Bezerra, quando estava embarcada em uma plataforma.

Ela afirma que, ao relatar ao chefe direto, foi questionada se ela tinha algum relacionamento com o homem. “Fui levar ao gerente o que tinha acontecido. e ele me perguntou: ‘Mas você está paquerando alguém? Você está dando mole para alguém’? Você está paquerando alguém?’. E eu respondi: ‘Claro que não, isso aqui é um ambiente de trabalho'”.

A funcionária pediu que fossem rastreadas as ligações para que o funcionário fosse identificado, mas a resposta da ouvidoria da Petrobras foi que não havia câmeras de segurança que pudessem ajudar na identificação do autor da ligação. “Eu senti que estava sendo observada. Eu comecei a sentir medo, eu achei que ele podia me empurrar no mar, em um tanque. Eu comecei a sentir coisas que eu nunca senti antes no trabalho”, completa.

Fonte G1 Brasília

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