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Entenda por que 569 cidades brasileiras têm mais eleitores do que que a estimativa de população do IBGE

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O número de cidades com mais eleitores do que a população estimada chegou a 569 neste ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A quantidade é 15% maior que a de 2020, quando 493 cidades apareceram nessa situação, e representa 10% dos municípios brasileiros.

Segundo especialistas, esse fenômeno é normal e está aumentando devido à falta de atualização dos dados pelo IBGE ? o último Censo foi em 2010. Desde então, muitas pessoas mudaram de cidade ou estado e registraram os novos domicílios ao tirar ou atualizar o título de eleitor no TSE. Mas há também outros fatores que explicam a disparidade.

A maior diferença é na cidade de Canaã dos Carajás, no Pará. A estimativa do IBGE para a cidade em 2021 era de 39 mil habitantes, dez mil a menos que o número de eleitores registrados no município. Em segundo lugar aparece outra cidade do Pará, Jacareacanga, que tinha uma população prevista de 7 mil e 13 mil aptos a votar, quase o dobro.

A disparidade entre a população e o eleitorado de algumas cidades é muito pequena. É o caso de Dores de Guanhães, em MG, onde há um eleitor a mais do que a previsão de moradores. O cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná, Emerson Cervi, lembra, entretanto, que os dados da Justiça Eleitoral não pegam a população toda ? crianças não podem votar e jovens de 16 e 17 anos, analfabetos e maiores de 70 anos não são obrigados a tirar o título.

Pesquisadores apontam que essa diferença é normal, até porque o dado populacional do IBGE é uma estimativa de 2021 que tem como base dados produzidos há 12 anos.

O último recenseamento ocorreu em 2010. A contagem populacional, que atualizaria esses dados em 2015, não ocorreu por falta de recursos, bem como o Censo 2020. O novo recenseamento está planejado para começar em agosto deste ano.

Os dados do TSE, portanto, estão mais atualizados, especialmente após a implantação da biometria, que já chegou a 75% dos eleitores.

“Os números do perfil do eleitorado são dados oficiais e exatos, extraídos a partir do cadastro eleitoral, em que é considerado o domicílio eleitoral do cidadão e cidadã”, afirma em nota o TSE. “Domicílio eleitoral esse, importante frisar, que é o local onde efetivamente o eleitor e eleitora vota, não necessariamente onde mora.”

Em nota, o IBGE lembrou o fato de que o último Censo ocorreu em 2010 e disse que “espera divulgar as populações de todos os municípios do país para 2022 até o final do ano, a partir dos resultados do Censo”. O instituto também citou como explicação para a diferença o fato de que “moradores que se mudam para outras cidades comumente demorarem a fazer a transferência de seus domicílios eleitorais. Alguns não chegam nunca a fazê-lo”.

Na mesma linha, a professora do departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Iná Elias de Castro diz que a desatualização dos dados do censo pode provocar distorções e afirma que as migrações são um fator importante nesse fenômeno.

“Do ponto de vista da existência do fenômeno é normal. A gente tem 5 mil e tantos municípios, e muitos municípios pequenos. A mobilidade territorial da população e muito grande, é um país que tem migrações muita grande em regiões, dentro de estados.”, explica.

Disputa territorial

Mudanças de endereço não são a única explicação. Outro fato citado pela pesquisadora é a disputa territorial entre municípios. “Em alguns casos há disputas de limites territoriais, então as pessoas moram em um domicílio, mas se colocam no domicílio eleitoral de outro município”, afirma.

Cientista político e professor da Universidade Federal do Pará, Carlos Augusto Souza explica que as duas cidades paraenses no topo do ranking, Canaã e Jacareacanga, estão em regiões de fronteira agrícola, onde houve um avanço de atividades ligadas à agropecuária.

“Os fatores que explicam a manutenção de taxas altas de eleitores não correspondentes com a população são migrantes que não fixam residência na cidade, ou atividade atrativa de mão de obra temporária. A pecuária é uma atividade desse tipo”, afirma.

Na mesma linha, Cervi cita como exemplo grandes obras que podem mudar a população de uma cidade pequena em poucos anos. “Se o município é pequeno e nesse período começou uma obra grande como uma hidrelétrica, você dobra a população dependendo do tamanho do município, e isso dobra em 2 ou 3 anos”, afirma.

Fonte G1 Brasília

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