Em jantar concorrido e que virou uma demonstração de força política, o ex-ministro José Dirceu reuniu em seu aniversário, na quarta-feira (13), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSD), pelo menos dez ministros do governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de amigos petistas.
O anfitrião ficou mais de duas horas recebendo os convidados na porta da casa onde ocorreu a festa pelos seus 78 anos, que serão completados no sábado (16), mas foram comemorados antecipadamente.
Nas rodinhas de conversas, amigos de José Dirceu formavam dois grupos com opiniões diferentes sobre o atual momento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Quem circulava pela casa, esbarrava em grupos que defendiam e criticavam as últimas declarações do presidente da República sobre Petrobras e Vale.
Entre os críticos a Lula, a avaliação era que o governo estava atrapalhando o bom momento da economia e dos investimentos sociais com um discurso intervencionista, que afugenta o eleitorado de centro e investidores.
Já nas rodinhas a favor do petista, o discurso era o oposto, de que ele fez o certo ao cobrar dos acionistas da Petrobras e da Vale um alinhamento à política de desenvolvimento do governo.
Nessas conversas, o argumento era que o mercado sempre pensa apenas nele e não no país, e que isso tem mesmo de ser combatido pelo presidente.
Haddad e Prates
Por sinal, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, também estava no jantar e, durante todo o tempo em que permaneceu na festa, ficou cercado de jornalistas e petistas.
Prates buscava colocar água na fervura e lembrava que havia postado pouco antes uma mensagem no X (antigo Twitter) dizendo que é legítimo que o presidente da República, a partir de seus ministros, defenda os interesses da União no Conselho de Administração da estatal.
Aos presentes, ele garantia que ficou tudo explicado ao presidente, e que o mais importante foi a segunda rodada da reunião no Palácio do Planalto para falar dos investimentos da estatal.
Prates dizia que tudo estava acertado também com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que fez críticas à Petrobras por defender a distribuição de dividendos extraordinários, o que afetaria, neste momento, a capacidade da empresa de tomar empréstimos para implementar seu plano de investimento.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, marcou presença, mas ficou pouco tempo na festa.
Ele conseguiu convencer o presidente Lula a indicar um nome de sua equipe para integrar o Conselho de Administração da Petrobras, que será renovado no próximo mês, equilibrando as forças no colegiado, que hoje representa mais a visão dos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia.
Além de Haddad, também estiveram no jantar os seguintes ministros:
- José Múcio (Defesa);
- Alexandre Padilha (Relações Institucionais);
- Nísia Trindade (Saúde);
- Luciana Santos (Ciência e Tecnologia);
- Marcio Macedo (Secretaria-Geral);
- Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos);
- Juscelino Filho (Comunicações)
- e Vinicius Carvalho (CGU).
Parlamentares
O presidente da Câmara, Arthur Lira, e seu aliado, o deputado Elmar Nascimento (UB-BA), também foram à festa de José Dirceu, que teve seu nome lembrado em algumas rodinhas como possível candidato a deputado federal em 2026, o que ele tem publicamente desconversado por enquanto, e ainda depende de últimas pendências judiciais.
José Dirceu ficou um ano e nove meses preso por causa da Operação Lava Jato. Foi solto em 2017 e tem buscado superar os processos contra ele.
O jantar, que virou uma demonstração política, foi um momento também para amigos destacarem a importância do retorno de Dirceu aos bastidores da política. Ele voltou a falar com o presidente Lula e conversa muito com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Do mundo político, também compareceu o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, e outros parlamentares. O filho do anfitrião, deputado Zeca Dirceu (PT-PR), comentava que o pai estava recuperado depois de passar uns dias internado para cuidar de uma pneumonia.
O próprio José Dirceu falava que estava bem, mas reclamava da quantidade de remédios que foi obrigado a tomar.
Os assessores do ex-ministro estavam preocupados com a longa duração da fila de cumprimentos à porta da casa onde foi realizada a festa e passaram a oferecer a José Dirceu um pratinho com comida para ele aguentar o ritual.
O advogado Antônio Carlos de Almeida, o Kakay, amigo direto do ex-ministro, também estava presente.
Fonte G1 Brasília