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Macron diz que Putin é ‘imperialista revisionista’ e chama Rússia de ‘ameaça duradoura’ para a Europa

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O presidente da França, Emmanuel Macron, intensificou sua retórica contra a Rússia nesta quinta-feira (6), ao classificar o presidente Vladimir Putin como um “imperialista revisionista” e alertar que Moscou constitui “uma ameaça existencial duradoura para todos os europeus”.

As declarações foram feitas durante o encerramento do Conselho Europeu extraordinário em Bruxelas, uma reunião onde os líderes da União Europeia aprovaram o plano “Rearmar a Europa”.

“O Conselho Europeu decidiu acelerar o investimento em apoio à defesa europeia”, afirmou também Macron, ressaltando que “a análise compartilhada por todos os Estados-membros é que a Rússia constitui uma ameaça existencial duradoura para todos os europeus e, portanto, também para a França”.

As declarações de Macron ocorrem em um contexto de crescente preocupação europeia com a segurança do continente. Os países da União Europeia respaldaram o plano lançado pela Comissão Europeia para financiar o rearmamento do bloco, especialmente após o governo Trump anunciar uma aproximação com a Rússia.

O plano, discutido durante a reunião de cúpula em Bruxelas, inclui uma proposta para flexibilizar as rígidas normas fiscais da UE, permitindo que os países invistam mais em defesa e segurança.

Na terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, havia anunciado 800 bilhões de euros (R$ 4,9 trilhões) para reforçar as defesas das nações do bloco e diminuir o impacto da potencial retirada dos EUA da aliança que apoia a Ucrânia.

Já na quarta-feira (5), Macron defendeu colocar à disposição de seus aliados europeus o arsenal nuclear francês, como força de dissuasão. Desde a saída do Reino Unido da União Europeia, a França é o único país do bloco a possuir ogivas nucleares.

“Respondendo ao chamado histórico do futuro chanceler alemão [Friedrich Merz], decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção de nossos aliados no continente europeu por meio de nossa dissuasão nuclear. Aconteça o que acontecer, a decisão sempre esteve e permanecerá nas mãos do Presidente da República, chefe das Forças Armadas”, declarou o presidente francês.

Rússia reagiu com críticas

A Rússia não tardou em criticar as declarações de Macron. O Ministério das Relações Exteriores russo acusou o presidente francês de fazer “chantagem nuclear” em um discurso “altamente combativo”. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os comentários indicam que a França busca prolongar a guerra na Ucrânia.

“O discurso de Macron é realmente extremamente combativo. Dificilmente pode ser visto como um discurso de um chefe de Estado que está pensando na paz. Pelo contrário, do que foi dito, pode-se concluir que a França está mais focada na guerra, na continuação da guerra”, disse Peskov.

Durante sua coletiva de imprensa, Macron anunciou também um aumento da ajuda europeia à Ucrânia. “Em 2025, a UE fornecerá à Ucrânia 30,6 bilhões de euros no âmbito do Mecanismo para a Ucrânia e da iniciativa G7 ERA, financiados por juros de ativos russos retidos”, informou.

O presidente francês também abordou a possibilidade de um diálogo com Putin, mas com condições. “Estou pronto para conversar com o presidente Putin quando tivermos considerado, com o presidente Zelensky e nossos parceiros europeus, que é o momento certo”, afirmou, alertando que conhece bem as táticas do líder russo.

“Sei que Putin pode trair os acordos que assina, o que já fez. Se há um cessar-fogo, não é para fazer uma paz duradoura. Isso servirá para retomar melhor a guerra”, disse Macron nesta quinta-feira.

Macron defendeu ainda que qualquer solução para o conflito deve incluir a Ucrânia nas negociações. “Dizer hoje que é uma situação entre americanos e russos é desapropriar um povo que resistiu por sua sobrevivência, sua dignidade e sua luta. É uma guerra de resistência da Ucrânia diante da agressão russa”, concluiu.

Arsenal nuclear francês à disposição

No discurso, o presidente também criticou a administração Trump por seu alinhamento a Moscou e pela guerra tarifária lançada contra aliados, como o Canadá.

“A ameaça russa existe e afeta os países da Europa”, disse Macron. Ele afirmou que Moscou continua a se rearmar e que, até 2030, “planeja aumentar ainda mais seu Exército, para ter mais 300 mil soldados, 3.000 tanques e mais 300 aviões de caça”.

Para se contrapor a um possível projeto expansionista de Vladimir Putin, o presidente francês defendeu colocar seu arsenal nuclear à disposição de aliados do continente, como estratégia de dissuasão.

“Respondendo ao chamado histórico do futuro chanceler Alemão [Friedrich Merz], decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção de nossos aliados no continente europeu por meio de nossa dissuasão (nuclear). Aconteça o que acontecer, a decisão sempre esteve e permanecerá nas mãos do Presidente da República, chefe das Forças Armadas.”

Desde a saída do Reino Unido da União Europeia, a França é o único país do bloco a ter um arsenal nuclear.

Ao falar sobre os EUA, Macron disse que “quer acreditar” que o país permaneça ao lado das potências do Ocidente, mas que “é preciso estar pronto se esse não for o caso”. Ele também chamou a decisão do presidente Trump de iniciar uma guerra tarifária contra países aliados de “incompreensível”, mas que haverá uma resposta à taxação dos produtos europeus.

“O futuro da Europa não precisa ser decidido em Washington ou Moscou. E sim, a ameaça volta a vir do Leste e a inocência, por assim dizer, dos últimos 30 anos, desde a queda do Muro de Berlim, acabou agora.”

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Rússia e Ucrânia estão em guerra desde fevereiro de 2022, quando tropas de Moscou lançaram uma operação por terra, mar e ar para ocupar territórios no leste ucraniano.

Os dois países já haviam entrado em confronto em 2014, após a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, pró-Rússia. Sua saída do poder ocorreu depois de uma série de protestos conhecidos como Euromaidan.

Desde então, a Ucrânia tem sido comandada por presidentes pró-Europa, com Petro Poroshenko e Volodymyr Zelensky. Logo após a Euromaidan, porém, a Rússia lançou campanhas de anexação de territórios a leste do país, começando com a Crimeia e o Donbas, onde uma maior parte da população se identifica com Moscou.

A partir de 2022, a Rússia passou a atacar outros territórios ucranianos. A Europa se alinhou a Kiev desde então, fornecendo apoio militar para Zelensky para frear o avanço das tropas russas.

Os EUA também eram aliados de primeira hora da Ucrânia durante o governo Biden. Quando Trump assumiu, no entanto, a Casa Branca se reaproximou do presidente Vladimir Putin, da Rússia, chegando a discutir um acordo para encerrar a guerra sem a presença dos representantes de Kiev.

Dissuasão nuclear

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as principais potências militares buscaram desenvolver arsenais nucleares como estratégia para dissuadir ataques de inimigos.

Em outras palavras, dado o poder de destruição das bombas nucleares, o principal objetivo de possuir uma arma do tipo não é detoná-la, mas convencer países inimigos a não realizar ataques.

A coalizão da Campanha Internacional para Abolição das Armas Nucleares (ICAN) estima que existam 12.512 bombas nucleares no mundo atualmente, a maioria das quais nas mãos da Rússia (5.889) e dos EUA (5.224). Somadas, elas teriam o poder de acabar com a vida humana na Terra diversas vezes.

De acordo com a ICAN, a França detém 290 bombas. O projeto nuclear do país data dos anos 1950. O primeiro teste com uma explosão foi realizado em 1960, no deserto do Saara, no território da Argélia, que era uma colônica francesa na época. O país realizou 210 testes, a maioria dos quais na Polinésia Francesa, sendo que o último ocorreu em 1996.

Fonte G1 Brasília

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