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O destino de uma águia com suástica nazista promove a discórdia no Uruguai

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Durou apenas dois dias o projeto do presidente Luis Lacalle Pou de transformar em pomba da paz a águia de bronze com uma suástica que adornava a popa do encouraçado nazista Graf Spee, afundado em 1939 na costa do Uruguai.

A peça de dois metros de comprimento e 400 quilos seria destruída e fundida pelo prestigiado escultor Pablo Atchugarry para virar um símbolo de paz e união, conforme o desejo do presidente.

Anunciado na sexta-feira, o plano foi alvo da discórdia nacional e fez Lacalle Pou recuar no domingo, e justificar sua decisão de desistir dele.

?Se alguém quer gerar paz, a primeira coisa é gerar união e claramente isso não a gerou. Ainda mantenho que esta é uma boa ideia, mas cabe a um presidente ouvir e representar.?

O destino da águia nazista proposto pelo presidente foi rejeitado por integrantes de sua coalizão, pela oposição e por historiadores.

A maioria ofereceu argumentos parecidos, contrários à destruição de um objeto incômodo para o governo, mas que representa também o testemunho de um período sombrio da História e de uma das primeiras batalhas da Segunda Guerra.

O encouraçado alemão Graf Spee ostentava a águia com a suástica quando foi atacado por três navios da Marinha britânica, há 83 anos, na Batalha do Rio da Prata. O navio sofreu danos irreparáveis e acabou afundado pelo capitão Hans Langsdorff, que se suicidou para não ser feito prisioneiro.

Uma expedição privada resgatou em 2004 a águia de bronze do fundo do mar e tentou vendê-la, mas foi impedida após uma ação judicial impetrada pelo Estado uruguaio.

Havia o temor de que a peça fosse parar nas mãos erradas e servisse de glorificação ao nazismo. Desde então, a Marinha tem a posse da águia e a mantém guardada num armazém, trancada em uma caixa de madeira.

A transformação do pássaro com o símbolo nazista em uma pomba enviaria, no entender de Lacalle Pou, a mensagem de que o Uruguai é uma sociedade de paz e unidade em tempos de divisão, violência e de guerra no mundo. O projeto, contudo, sinalizou o oposto. O presidente conseguiu, sim, aglutinar as vozes contrárias a ele.

Fonte G1 Brasília

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