A instituição do interior de São Paulo que recebeu 15 dos 21 brasileiros repatriados da Faixa de Gaza que pousaram no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), acolhe refugiados e repatriados desde 2022. Entre os moradores do projeto Vila Minha Pátria, em Morungaba, está uma família afegã, que fala o que espera os palestinos recém-chegados. “O Brasil tem muito amor”, diz Pooryia Abdullahi.
Se esforçando para falar o português, o refugiado afegão que está com a família no Brasil há quatro meses faz questão de elogiar a recepção e o carinho recebidos. “Tem muita bondade”, afirma.
Por uma questão de preservação, a recomendação do projeto aos que acabaram de chegar é que não deem entrevistas. As feridas da guerra estão longe de serem cicatrizadas, e todos ainda enfrentam, apesar do esforço do acolhimento, que inclui palavras no idioma nativo e comidas típicas, o medo.
“Eles chegam preocupados, pensando na parte da família que ainda está lá, tentando sair do país, com todas as suas dificuldades. Mas dia após a dia, vão encontrando as oportunidades de recomeço”, ressalta Jennifer Forte Soares, coordenadora ONG que tem 72 casas para receber os refugiados em meio a natureza do interior paulista.
? A instituição foi criada com o objetivo de acolher, inicialmente, um grupo de refugiados afegãos, mas já recebeu pessoas do Paquistão, Irã e Venezuela. O projeto pertence à Junta de Missões Nacionais das Igrejas Batistas e não tem vínculo governamental.
- Acolhimento primário;
- Aulas de português;
- Emissão de documentos;
- Assessoria jurídica;
- Cuidados médicos;
- Acompanhamento socioassistencial.
Esta, inclusive, não é a primeira vez em que a instituição recebe brasileiros que estavam na Faixa de Gaza. Nas duas primeiras missões de repatriação, que aconteceram em novembro e no início de dezembro, a iniciativa fez o acolhimento de outras 20 pessoas.
? Coordenadora do projeto, Jennifer Forte Soares destacou que a entidade tem parceria com o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e recebe pedidos do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
“Somos parceiros da ACNUR por ser o órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) que representa os refugiados. Estamos sempre em contato com eles para capacitações, para realização de atividades que abranjam esse público. Temos uma parceria para saber quantos refugiados tem no aeroporto que podemos receber mediante as vagas que temos aqui”, explica.
Não há prazo máximo para que os acolhidos fiquem no local. ?Parceiros nossos realizam o pagamento de um aluguel, a reinserção no mercado de trabalho e ajudam durante um ano, podendo ser estendido, e só assim eles deixam a vila. Ou, caso queiram deixar por conta própria, porque conseguiram casa ou emprego por conta própria?, detalha Jennifer.
O espaço, localizado em uma área rural, possui um prédio administrativo, salas de aula para crianças e adultos, alojamentos, restaurante com cozinha industrial, auditório para cultos, parquinho, campo de futebol, piscina e horta. A localização exata não foi divulgada por motivos de segurança.
Repatriação
O voo com 21 brasileiros repatriados da Faixa de Gaza pousou nesta terça-feira (26), às 11h26, no Aeroporto de Viracopos. Os passageiros estão no Brasil desde sábado (23), quando desembarcaram em Brasília (DF).
A aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou da capital do país às 9h15. Os passageiros foram retirados do Cairo, capital do Egito, e fizeram parte do terceiro voo de repatriação de brasileiros que estavam na área afetada pelo conflito entre Israel e o Hamas.
Desde o início do conflito, em 7 de outubro, 1.555 pessoas e 53 animais domésticos foram resgatados.
Oito embarques saíram de Tel Aviv com brasileiros e parentes que estavam em Israel, um da Jordânia com resgatados da Cisjordânia e outros dois que decolaram do Cairo com repatriados da Faixa de Gaza.
*Sob supervisão de Gabriella Ramos.
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Fonte G1 Brasília