“A gente nunca está seguro. O companheiro que eu indiquei para ser o diretor-geral da Abin [Luiz Fernando Corrêa] foi meu diretor-geral da PF entre 2007 e 2010. É uma pessoa que eu tenho muita confiança, e por isso chamei, já que eu não conhecia ninguém da Abin”, declarou Lula em entrevista à CBN Recife e a rádios do Nordeste.
A Polícia Federal investiga suposto uso da Abin no governo Jair Bolsonaro para monitorar, de forma ilegal, adversários políticos da família Bolsonaro, autoridades públicas e cidadãos considerados “desafetos” pelo governo, entre outros alvos.
O ex-diretor da agência e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) é um dos investigados, assim como o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Tem um cidadão que é o que está sendo acusado que é o que mantinha relação com o Ramagem, inclusive relação que permaneceu já durante o trabalho dele na Abin. Se isso for verdade, não há clima para esse cidadão continuar na polícia”, disse Lula sobre Moretti.
O presidente, no entanto, defendeu que essa decisão só seja tomada após uma investigação sobre o tema. “Antes de você fazer simplesmente a condenação a priori, é importante que a gente investigue corretamente, apure, garanta o direito de defesa”, afirmou.
Lula nega perseguição
Alexandre Ramagem e Carlos Bolsonaro foram alvos de mandados de busca e apreensão na quinta (25) e na segunda-feira (29), respectivamente, assim como assessores dos dois parlamentares.
Questionado na entrevista desta terça, Lula negou que haja “perseguição” da Polícia Federal a Bolsonaro e aliados.
“O governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos na Justiça. Você tem uma investigação, decisão de um ministro da Suprema Corte que mandou fazer busca e apreensão sob suspeita de utilização com má fé pela Abin, dos quais o delegado que era responsável era ligado à família Bolsonaro, e a PF foi cumprir um mandado da Justiça”, disse Lula.
“Eu não vejo nenhum problema anormal, se há decisão judicial. O que eu espero é que as pessoas que estão sendo investigadas sejam investigadas, tenham direito à presunção da inocência que eu não tive. E acho que as pessoas que não devem não temem”, prosseguiu.
“O cidadão que está acusando foi presidente da República, lidou com a Polícia Federal. Tentou mandar na PF, trocava superintendente a bel-prazer, sem nenhum respeito ao que pensava o próprio diretor geral da Polícia Federal, o ministro da Justiça. Eu acho que tem que funcionar as coisas de acordo com os interesses da instituição.”
Fonte G1 Brasília