O juiz federal Eduardo Appio classificou como “barbaridade” seu afastamento da 13ª Vara de Curitiba, determinado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
?Estou totalmente alheio a toda esta barbaridade?, disse Appio ao blog.
A decisão foi tomada no fim da noite desta segunda-feira (23). Ao blog, Appio disse que até às 20h30 não tinha conhecimento sobre o assunto.
O juiz da Lava Jato foi afastado depois de uma investigação a pedido do desembargador do TRF-4 Marcelo Malucelli sobre uma ligação feita ao filho, João Eduardo Barreto Malucelli, que é sócio de Sérgio Moro, ex-titular da 13ª Vara.
Segundo o desembargador — que em abril, apor ser alvo de uma investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pediu para não julgar casos da Lava Jato por causa da relação do filho com Moro — uma pessoa ligou para João se passando por servidor da Justiça Federal e feito ameaças.
A investigação do TRF-4 diz que Eduardo Appio acessou duas vezes, em 13 de abril, um processo judicial em que havia o telefone de João Malucelli.
A ligação citada ocorreu horas depois desse acesso, segundo a investigação do TRF-4.
No telefonema, transcrito na decisão do tribunal, uma pessoa, que segundo o tribunal seria Appio (voz 1) liga para João (voz 2) e pede o contato de seu pai, Marcelo. Para isso, se apresenta como servidor da Justiça Federal. Veja a transcrição:
- João: Ah pode pode falar. Incomodá-lo! Qual é o nome do senhor mesmo? Fernando Pinheiro Gonçalves, né?
- Voz 1: Isso.
- João: Ah, tá.
- Voz 1: Pode pode chamar aqui no setor de saúde que nós estamos aqui.
- João: Setor de saúde.
- Voz 1: (Incompreensível)
- Voz 2: Setor de saúde, Fernando Pinheiro Gonçalves. Tem certeza que esse é o nome do senhor?
- Voz 1: Tenho certeza absoluta
- João: Então tá bom.
- João : E o senhor tem certeza que que não não tem aprontado nada?
- Voz 2: Ah agora tá, tá certinho. Aprontado?
Após a denúncia, a ligação passou por uma perícia e, segundo os técnicos, ?corrobora fortemente a hipótese? de que a voz 1 na chamada é de Appio.
Hoje, o blog procurou Appio para comentar a decisão. Mas ele disse que foi aconselhado por advogado a não tecer comentários.
CNJ deve avaliar o caso
Segundo o blog apurou, a Corregedoria do CNJ deve avaliar o caso. A expectativa de aliados de Appio é que o afastamento seja revertido.
Fonte G1 Brasília