Há uma divisão no entorno de Lula (PT) sobre o que fazer com o PL da saidinha de presos, aprovado na terça-feira (20) pelo Senado. O governo vai tentar ganhar tempo na Câmara, mas dificilmente os deputados vão colocar qualquer obstáculo à aprovação do PL na casa, que já havia sido aprovado na Câmara com um conteúdo ainda mais duro.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ainda não conversou com o Lula sobre o veto, mas é frontalmente contrário à medida, que vai contra toda a atuação dele na magistratura. É a mesma posição do ministro Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Uma ala do governo, mais pragmática, defende que Lula não vete o texto, ou faça no máximo vetos pontuais e cirúrgicos, para não arcar com o custo político. Em outras palavras, daria muita munição à oposição bolsonarista, que irá dizer que Lula vetou uma lei para beneficiar criminosos.
A avaliação da ala pragmática é que o governo está na defensiva em pautas desse tipo por uma questão mais geral, a falta de um discurso para a segurança pública, e outra mais específica, a fuga de dois presos de presídio federal em Mossoró.
O mesmo pragmatismo fez o governo mudar o entendimento sobre o PL e liberar os senadores a votar como quisessem. Apenas dois votaram contra.
Lula abre portas do Alvorada para encontro com Lira e líderes
Lula vai receber Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e os líderes da base na Casa na quinta-feira (22), no Palácio do Alvorada, provavelmente à noite. Gesto simbólico forte abrir a casa presidencial. Foram convidados os líderes de todos os partidos da base, além de PSDB e Cidadania.
Será o terceiro encontro de Lula com os líderes: o primeiro em meados de 2023, um no final do ano passado e esse agora, que ocorre no momento de maior tensão com o Centrão em torno do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), reoneração, veto às emendas de comissão e distribuição das emendas na saúde, que estariam privilegiando governos do PT.
Reunião ocorre também em meio a uma ofensiva da oposição para desgastar Lula usando a crise diplomática com Israel.
Lira sugeriu a Lula fazer encontros com mais regularidade com os líderes. Lula também deve se reunir ainda essa semana com Pacheco para tratar dos mesmos temas.
Fonte G1 Brasília